Londrina
O Consórcio Comunitário de Londrina vai encaminhar na próxima segunda-feira à Câmara de Vereadores documento com 200 assinaturas solicitando a retomada, pelo Município, do terreno em que está instalada a sede do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). O terreno - de 8 mil metros quadrados - fica localizado na rua Ametista, no jardim Ideal (zona leste). O Consórcio Comunitário representa 257 associações de bairros.
‘‘Não existe mais justificativa para que o DNER permaneça na Cidade: a rodovia BR-369, que era fiscalizada por este órgão, foi privatizada’’, alega o presidente do consórcio, Moisés dos Santos. Ele se refere ao consórcio Construção do Norte do Paraná S/A (Econorte), formado pelas empresas brasileiras Ivaí e Triunfo e a argentina Benito de Roggio.
A Econorte há três meses venceu a licitação para explorar o trecho Cambé - Ourinhos (SP) da BR-369. No próximo dia 14 será assinada a ordem de serviço, para que a Econorte comece a trabalhar. O contrato das empresas com o Estado foi firmado por 25 anos. A partir da data de assinatura da ordem de serviço, no prazo de seis meses, o consórcio poderá instalar as áreas de pedágio. A Econorte obriga-se a fazer uma total recuperação e conservação da rodovia.
‘‘Não queremos criar mais um elefante branco em Londrina’’, afirma Moisés. ‘‘Vamos nos adiantar no tempo e providenciar para que o terreno do DNER volte imediatamente para uso da comunidade’’, propõe um dos diretores do Consórcio Comunitário, Alfredo Gonçalves da Cruz.
No documento à Câmara, serão também colocadas sugestões para o uso do local. Entre as propostas, estão a construção de um hospital, uma escola, um centro de eventos, uma casa-abrigo para menores de rua ou um centro de recuperação para drogados. Gonçalvez da Cruz enfatiza que o consórcio não tem nada contra o DNER e seus funcionários, que moram no local. ‘‘O pedido se fundamenta nos direitos que temos como londrinenses e cidadãos.’’
O consórcio pretende também fiscalizar o preço do pedágio que será cobrado neste trecho encampado pela Econorte. ‘‘As empresas consorciadas não projetaram absolutamente nada para melhoria da BR-369 em seu trecho de Londrina. A única coisa que ficamos sabendo a respeito do projeto foi por intermédio do diretor do DNER, José Carlos Belluzi. Ele nos informou que será construída uma trincheira na rua Ermelindo Leão e a Perimetral Norte, que é promessa de campanha do governador Jaime Lerner (PFL). Nesses dois projetos, a comunidade londrinense não foi consultada’’, comenta Moisés dos Santos. ‘‘E quanto ao viaduto que deveria ser erguido sobre a BR-369, em frente ao Grêmio Literário, simplesmente foi esquecido. Vamos fiscalizar diariamente esse pedágio, pois o londrinense não tem motivo nenhum para pagá-lo.’’
O chefe do escritório do DNER em Londrina, engenheiro José Carlos Belluzi, contesta que orgão não tenha mais função na Cidade. ‘‘Estamos à disposição do senhor Moisés para explicar-lhe o que realmente está acontecendo. O DNER, por força de um convênio, assinado entre o Ministério dos Transportes e o Governo do Estado, administrará junto com o DER (Departamento de Estrada de Rodagem) toda a atividade administrativa e de engenharia que ocorrerá na BR-369, sob a responsabilidade da Econorte. Ou seja, não ficaremos sem função na região’’, afirmou.
O engenheiro disse que a residência regional do DNER de Londrina também fez parceria de fiscalização com o DER nos trechos compreendidos entre Apucarana e Mauá da Serra, na BR-376; Nova Londrina, Paranavaí, Maringá até Jandaia do Sul, na mesma BR-376; Cambé até Jandaia do Sul na BR-369, e a administração direta de 110 quilômetros da BR-153, no trecho compreedido entre Ibaiti até a divisa com o Estado de São Paulo. Procurada pela Folha, a Econorte não deu retorno para falar a respeito dos projetos da BR-369.