Os moradores em situação de rua que ficavam nos fundos do Terminal Rodoviário de Londrina, na zona leste, saíram do local. No início deste mês, a secretaria municipal de Assistência Social promoveu um trabalho integrado de abordagens. Das vinte e oito pessoas que estavam no espaço, 20 aceitaram encaminhamento para serviços sociais.

Imagem ilustrativa da imagem Moradores em situação de rua saem da Rodoviária de Londrina
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

No entanto, uma saiu no mesmo dia e outras sete deixaram o acolhimento posteriormente. “A cidade tem mais de 50 pontos em que permanecem moradores de rua. Muitas pessoas que não aceitam acolhimento são oriundas de situações de saúde mental, como esquizofrenia, usuários de drogas em abstinência. Precisa acabar o mito de que morador de rua só precisa de cama, comida e banho”, apontou Jacqueline Micali, secretária de Assistência Social.

Taxista na rodoviária há 20 anos, Gerson Soares Carvalho relatou que moradores de rua sempre estiveram no terminal, no entanto, no último ano passaram a viver embaixo das marquises. “Ficavam umas 30 pessoas aqui. Alguns deixavam muita sujeira e faziam até suas necessidades. Era tanta gente que os funcionários não conseguiam limpar”, afirmou. “Temos um espaço com utensílios onde eles ficavam e furtaram forno, se deixássemos celular carregando e não ficássemos de olho eles roubavam”, afirmou.

No ano passado, uma polêmica foi gerada por causa da "alternativa" encontrada para evitar a presença desta população na rodoviária. Na época, a administração do terminal colocou gradis, que foram retirados após intervenção do MP (Ministério Público).

INICIATIVAS

Segundo Micali, a ação no terminal faz parte de outras iniciativas que já vinham sendo promovidas. “Desde o ano passado contratamos 25 orientadores sociais para abordagem, temos um educador par, que é alguém que saiu da situação de rua, para ajudar junto aos moradores. Iniciamos trabalho com instituições para que não distribuíssem alimentação em vários espaços, mas num único. É uma trilha da cidadania”, sustentou.

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| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

CENTRO POP

Recentemente, moradores de rua passaram a ficar no entorno do Centro Pop, também na zona leste. Na manhã de segunda-feira (20), cerca de 20 estavam sentados nas calçadas ou dormindo em colchões. Até uma barraca improvisada com cobertores foi montada ao lado do portão principal. “Eles ficam pedindo dinheiro nos semáforos aqui da região, querem usar nossos banheiros. Antes, o ponto de encontro era a rodoviária. Agora é aqui”, indicou o funcionário de um estabelecimento situado nas proximidades, que preferiu não ser identificado.

A secretária de Assistência Social reconheceu que a demanda no Centro Pop aumentou, entretanto, negou que seriam pessoas que estavam na rodoviária e apenas mudaram de local. “São pessoas que não procuravam atendimento e agora procuram, que estavam em pontos espalhados”, pontuou. “O trabalho é em conjunto com a Saúde em inúmeros locais. Estamos criando serviços para que acessem. Na rua não é proteção social. Todo direito vem junto com o dever.”

PROTOCOLOS

Com a pandemia de coronavírus, protocolos foram criados para acolhimento da população em situação de rua, com disponibilização de três casas, cedidas pela Igreja Católica, e triagens. A pessoa que aceita deixar as vias públicas, primeiramente, vai para uma casa de passagem de pernoite, onde fica por sete dias. Duas vezes por semana é feita avaliação social para, depois, ser encaminhada para acolhimento permanente.

“Ainda estamos fazendo um trabalho junto com outras secretarias para geração de trabalho e renda e habitação. Ninguém vai parar na rua do dia para noite e ninguém sai desta maneira. São pessoas que vêm de segregação e marginalização há muito tempo. É necessário resgatar em todos os sentidos possíveis. É diário e a atuação é por meio de dados para que se tenha resultado”, defendeu Jacqueline Micali.