Um grupo de cerca de 20 moradores do Eli Vive, na região do distrito de Irerê, na zona rural de Londrina, protocolou na manhã desta terça-feira (21) no MP-PR (Ministério Público do Paraná) um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas denunciando a situação precária das estradas do assentamento. “São três situações: a estrada interna que precisa ser construída, as estradas do município que não têm manutenção e o calçamento de Lerroville até a entrada do assentamento, que a prefeitura recebeu recurso para fazer”, listou Edelvan Carvalho, que faz parte da coordenação do assentamento.

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O Eli Vive foi criado oficialmente em 2010 pelo governo federal e dos 109 quilômetros de estradas internas, apenas 14 quilômetros foram adequados pelo município e após notificação do Ministério Público. O assentamento tem mais de 7,3 mil hectares, onde moram 501 famílias.

De acordo com os moradores, a maior dificuldade é nos dias de chuva, quando as crianças não conseguem ter acesso às aulas. “Está muito complicado. Neste primeiro trimestre, por exemplo, que choveu muito, minhas filhas sofreram demais e ficaram desesperadas. A mais velha acha a escola excelente, mas não tem como ir, porque o ônibus fica encalhado. Qualquer garoa que dá a Kombi não chega, porque a estrada é péssima”, relatou a agricultora Marcia da Silva Santos, que é mãe de uma garota de 16 anos e outra de 11.

Recentemente, algumas pessoas chegaram a pagar do próprio bolso a construção de alguns metros de estrada. “As crianças estão ficando atrasadas na escola, perderam semanas de aula”, lamentou. O assentamento tem aproximadamente 400 estudantes, entre o ensino municipal e estadual, que utilizam 35 linhas de transporte escolar ofertado pelo poder público. A unidade escolar fica na comunidade.

Outra liderança, Sandra Flor Ferrer tem dois netos, de 10 e 6 anos, que em um mês de aula conseguiram ir na escola apenas duas semanas. O lote em que vivem ficam a 26 quilômetros da escola. “Os veículos não conseguem circular. Enquanto as crianças da cidade estão evoluindo, estudando todos os dias, os meus netos estão esperando a chuva passar, uma condição melhor na estada para poder ir na escola e isso são dias perdendo conteúdo. A questão de melhorias nas estrada é urgente”, cobrou.

PREJUÍZOS

A falta de uma melhor estrutura das estradas também tem trazido outros prejuízos para a comunidade. “Estamos em período de escoamento de safra, produzimos milho, soja, as pessoas não conseguem sair para ter acesso à saúde”, alertou Ferrer.

Os moradores comentaram que já procuraram a prefeitura e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), no entanto, tiveram poucos avanços. “Já foram feitas várias conversas com a secretaria municipal de Agricultura, agendamos reunião com o Incra, mas geralmente fica na conversa. A prefeitura tenta atender algumas demandas, mas não é o suficiente”, destacou Ederlan Carvalho. “O problema era para ter sido resolvido há muito tempo se tivesse vontade política.”

PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS

A promotora Susana de Lacerda informou que irá oficiar a prefeitura pedindo providências. A reportagem entrou em contato com o Núcleo de Comunicação da Prefeitura de Londrina, mas não obteve resposta até a finalização da matéria.

ADEQUAÇÃO TÉCNICA

Por meio de nota, a superintendência regional do Incra no Paraná afirmou que o projeto de estradas rurais, de responsabilidade da prefeitura, está em fase de adequação técnica e o prazo de apresentação ao instituto é 28 de junho de 2023. “Após a aprovação do projeto pelo instituto, a prefeitura poderá fazer a licitação para o início das obras. O valor do investimento do Governo Federal, com contrapartida do município, é de R$ 4,9 milhões para viabilizar 107 quilômetros de estradas rurais nos assentamentos”, explicou.

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