Moradores denunciam no MP situação precária de estradas do Eli Vive
Comunidade relata dificuldades para crianças terem acesso às aulas e escoamento da safra; Ministério Público vai notificar prefeitura
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 21 de março de 2023
Comunidade relata dificuldades para crianças terem acesso às aulas e escoamento da safra; Ministério Público vai notificar prefeitura
Pedro Marconi

Um grupo de cerca de 20 moradores do Eli Vive, na região do distrito de Irerê, na zona rural de Londrina, protocolou na manhã desta terça-feira (21) no MP-PR (Ministério Público do Paraná) um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas denunciando a situação precária das estradas do assentamento. “São três situações: a estrada interna que precisa ser construída, as estradas do município que não têm manutenção e o calçamento de Lerroville até a entrada do assentamento, que a prefeitura recebeu recurso para fazer”, listou Edelvan Carvalho, que faz parte da coordenação do assentamento.
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O Eli Vive foi criado oficialmente em 2010 pelo governo federal e dos 109 quilômetros de estradas internas, apenas 14 quilômetros foram adequados pelo município e após notificação do Ministério Público. O assentamento tem mais de 7,3 mil hectares, onde moram 501 famílias.
De acordo com os moradores, a maior dificuldade é nos dias de chuva, quando as crianças não conseguem ter acesso às aulas. “Está muito complicado. Neste primeiro trimestre, por exemplo, que choveu muito, minhas filhas sofreram demais e ficaram desesperadas. A mais velha acha a escola excelente, mas não tem como ir, porque o ônibus fica encalhado. Qualquer garoa que dá a Kombi não chega, porque a estrada é péssima”, relatou a agricultora Marcia da Silva Santos, que é mãe de uma garota de 16 anos e outra de 11.
Recentemente, algumas pessoas chegaram a pagar do próprio bolso a construção de alguns metros de estrada. “As crianças estão ficando atrasadas na escola, perderam semanas de aula”, lamentou. O assentamento tem aproximadamente 400 estudantes, entre o ensino municipal e estadual, que utilizam 35 linhas de transporte escolar ofertado pelo poder público. A unidade escolar fica na comunidade.
Outra liderança, Sandra Flor Ferrer tem dois netos, de 10 e 6 anos, que em um mês de aula conseguiram ir na escola apenas duas semanas. O lote em que vivem ficam a 26 quilômetros da escola. “Os veículos não conseguem circular. Enquanto as crianças da cidade estão evoluindo, estudando todos os dias, os meus netos estão esperando a chuva passar, uma condição melhor na estada para poder ir na escola e isso são dias perdendo conteúdo. A questão de melhorias nas estrada é urgente”, cobrou.
PREJUÍZOS
A falta de uma melhor estrutura das estradas também tem trazido outros prejuízos para a comunidade. “Estamos em período de escoamento de safra, produzimos milho, soja, as pessoas não conseguem sair para ter acesso à saúde”, alertou Ferrer.
Os moradores comentaram que já procuraram a prefeitura e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), no entanto, tiveram poucos avanços. “Já foram feitas várias conversas com a secretaria municipal de Agricultura, agendamos reunião com o Incra, mas geralmente fica na conversa. A prefeitura tenta atender algumas demandas, mas não é o suficiente”, destacou Ederlan Carvalho. “O problema era para ter sido resolvido há muito tempo se tivesse vontade política.”
PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS
A promotora Susana de Lacerda informou que irá oficiar a prefeitura pedindo providências. A reportagem entrou em contato com o Núcleo de Comunicação da Prefeitura de Londrina, mas não obteve resposta até a finalização da matéria.
ADEQUAÇÃO TÉCNICA
Por meio de nota, a superintendência regional do Incra no Paraná afirmou que o projeto de estradas rurais, de responsabilidade da prefeitura, está em fase de adequação técnica e o prazo de apresentação ao instituto é 28 de junho de 2023. “Após a aprovação do projeto pelo instituto, a prefeitura poderá fazer a licitação para o início das obras. O valor do investimento do Governo Federal, com contrapartida do município, é de R$ 4,9 milhões para viabilizar 107 quilômetros de estradas rurais nos assentamentos”, explicou.
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