Instalações elétricas inadequadas podem ser um risco e muitas vezes resultam em incêndios. Fios muito finos com a amperagem inadequada para suportar a carga de aparelhos que consomem muita energia ou extensões e 'benjamins" de tomada (adaptador T) são alguns dos focos de muitos incêndios em residências. É o caso de Ana Paula Gomes da Silva, 27, que tinha mudado recentemente para o residencial Vista Bela (zona norte de Londrina) e no dia 25 de julho teve que enfrentar um incêndio.

Ana Paula Gomes da Silva ganhou uma geladeira e um colchão, mas precisa de material para reconstruir a casa
Ana Paula Gomes da Silva ganhou uma geladeira e um colchão, mas precisa de material para reconstruir a casa | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

"A fiação da casa é muito fina, não suporta muito a carga e tinha feito uma 'gambiarra' com a extensão. A gente usava a extensão para ligar tudo, porque não tinha tomada em casa", relembrou. Ela perdeu tudo e depois de uma campanha recebeu a doação de uma geladeira e um colchão, mas ainda precisa de material de construção para recompor parte do que foi destruído.

O eletricista João Rocha, 58, teve a sua casa no Vista Bela destruída pelas chamas alguns dias depois do incêndio que atingiu a residência de Silva. Ele não sabe a origem do incêndio, mas há a suspeita que tenha começado na instalação elétrica. "É duro ter que recomeçar a vida com a idade já mais avançada", lamentou ele repetidas vezes, ao falar com a reportagem. A filha de Rocha, Rosicléia Gomes da Silva, contou que o pai tinha saído de casa para dar uma volta na hora do almoço quando as chamas começaram.

Rocha relatou que teve o auxílio doença cortado e está na fila de espera para receber o Bolsa Família. Ele disse que não tem renda para se sustentar, não tem requisitos para pedir aposentadoria, ao mesmo tempo que não consegue trabalhar porque tem trombose nas pernas. Provisoriamente, ele se mudou para uma invasão em um fundo de vale na região e que foi construído originalmente para ser um galinheiro. O local ainda é precário e oferece outros riscos.

João Rocha: "É duro ter que recomeçar a vida com a idade já mais avançada"
João Rocha: "É duro ter que recomeçar a vida com a idade já mais avançada" | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

REGISTROS

Tenente Luana Pereira da Silva, do 3º Grupamento de Bombeiros de Londrina, explicou que determinar a causa do incêndio não é competência da corporação, mas que é possível observar alguns indícios. "Pelos locais onde as chamas começam conseguimos observar se há uma fiação mais exposta ou então próximas de um equipamento elétrico", detalhou.

"O sistema elétrico de qualquer residência deveria ser dimensionado por um técnico profissional para atender a demanda daquela residência. Muitas vezes, quando essas instalações são feitas de forma não muito técnica e sem o cabeamento adequado para atender a demanda da residência, há a possibilidade de sobrecarga e um potencial muito grande para o início de um incêndio", explicou tenente Luana. "É comum que casas antigas sejam dimensionadas para uma capacidade menor do que as atuais. Com a aquisição de mais equipamentos, que requerem uma fiação de maior calibre, é preciso que um profissional habilitado e qualificado reveja a instalação e o seu redimensionamento", reforçou.

Ela alertou também para o uso de benjamins (tomadas T) e extensões. "A gente tem que ter muito cuidado no uso desses dispositivos, que parecem ser fáceis de instalar, mas por desconhecimento podem gerar um incêndio que não consegue mais controlar", disse. Tenente Luana reforçou que o risco de incêndio é real quando há uma sobrecarga. "Todos os equipamentos elétricos e eletrônicos possuem em sua ficha técnica especificações quanto a cuidados e é preciso atender esses parâmetros recomendados."

De acordo com a tenente, em muitas especificações existem instruções sobre o local que o equipamento pode ser instalado, sobre a questão da ventilação do equipamento ou a recomendação para que o aparelho eletrônico não fique encostado na parede. "Temos que minimizar os riscos."

LEIA TAMBÉM:

- Incêndios ambientais aumentam 45% na região de Londrina

DICAS DE SEGURANÇA

- Antes de qualquer conserto nas instalações elétricas internas, desligue a chave geral (disjuntor)

- Ao ligar aparelhos nas tomadas, verifique antes de o botção está desligado e se a voltagem (127 ou 220 volts) é igual à indicada para o equipamento

- Ao desligar os aparelhos das tomadas, verifique antes de o botão ou chave estão desligados e depois puxe firme pelo plugue (e não pelo fio)

- Coloque protetores nas tomadas ao alcance de crianças para evitar acidentes

- Cuidado para não esquecer o ferro elétrico ligado. Isto pode provocar acidentes graves e até incêndios, além de desperdiçar energia

- Desligue e retire o plugue da tomada quando for limpar os aparelhos eletrodomésticos

- Para evitar choques, coloque fita isolante nos fios desencapados ou nas emendas

- Mantenha os fios e plugues de aparelhos sempre em perfeitas condições de uso para evitar curtos-circuitos. Não encoste fios e plugues em superfícies quentes

- Tomadas ou interruptores com partes derretidas ou queimadas devem ser substituídos

- Evite sobrecarregar a mesma tomada com vários aparelhos usando T (benjamim) ou extensões improvisadas. Não use bocais de lâmpadas como tomadas

- Não faça consertos nas instalações elétricas internas se não entender bem do assunto

Fonte: Copel

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1