Moradores da Usina Três Bocas, na região sul de Londrina, tem cobrado da prefeitura uma série de melhorias na comunidade, que fica a 15 quilômetros do centro. Entre as principais demandas estão as estradas rurais que passam pela localidade. Segundo as famílias, a situação precária das vias tem prejudicado o acesso de alunos ao transporte escolar e os trabalhadores que precisam ir para a cidade, principalmente em dias de chuva. Na quarta-feira (26), por exemplo, um coletivo ficou atolado e foi necessário um agricultor levar um trator para tirar o veículo da lama.

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O pedido é para que moledo ou outro material seja aplicado. “A estrada está péssima, cheia de buracos. Não tem moledo e nem pedra. Está tão lisa que se torna perigoso”, afirmou o aposentado Zenilton da Silva. “Quando está sol é aquele poeirão. Quando chove é barro. É um lugar que não se torna atrativo nem para recebermos visitantes”, reclamou a professora aposentada Aparecida Pereira.

Aparecida mora na região há 27 anos e afirmou que há décadas as estradas carecem de intervenções. “Pago IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e aqui foi loteado há 59 anos. Sempre foi assim, porém, nos últimos anos piorou. O sentimento que temos é de abandono total. As estradas estão piores que um carreador de roça. É um bairro urbanizado e teríamos que ter os mesmos direitos de quem mora num bairro urbanizado.”

POSTO DE SAÚDE

As famílias também cobram o término da construção da rampa de acessibilidade na UBS (Unidade Básica de Saúde). Em fevereiro, parte do posto desabou após as chuvas e danificou o que já tinha sido executado da obra. A unidade acabou interditada pela Defesa Civil por conta dos riscos. Desde então, os pacientes estão sendo atendidos de forma improvisada numa sala da igreja, que fica à margem da rodovia João Alves da Rocha Loures.

“O posto de saúde no Distrito de Maravilha, por exemplo, é uma beleza. Tem dentista, médico e um bom espaço. Por que nós somos diferentes? Será que pagamos menos impostos?”, questionou a produtora de morangos Vera Akaishi.

UBS está interditada há mais de dois meses
UBS está interditada há mais de dois meses | Foto: Pedro Marconi

Se nenhum imprevisto tivesse acontecido, a obra – que começou em dezembro – deveria ter sido finalizada em março. No entanto, ainda falta muito serviço a ser refeito e a realizar. Medição de abril apontou apenas 34,06% de execução das intervenções, que ainda contemplam piso tátil, guarda corpo, corrimão e troca da rede elétrica. O custo é de R$ 292 mil. “Tem dia que vem alguém trabalhar e fica só um pouco, outro dia tem dez pessoas, mas só duas trabalhando”, comentou Zenilton da Silva.

ESCOLA MUNICIPAL

Há pouco mais de um ano, as crianças da comunidade são transportadas pela prefeitura até a escola municipal do Buriti, que é nova e fica nas proximidades do Jardim União da Vitória. Anteriormente, elas estudavam na escola municipal rural Machado de Assis, que divide o mesmo terreno da UBS e também está na rodovia. A unidade – que tinha 73 anos de história – foi desativada em razão da estrutura antiga e da falta de espaço para estudantes e professores.

Na época, os pais se mobilizaram e a secretaria municipal de Educação prometeu reconstruir a escola no Cambezinho, no “coração” da Usina Três Bocas, num terreno de quase cinco mil metros quadrados e que já pertence ao município. Entretanto, até agora não houve licitação e nem a obra, o que é motivo de revolta. “Seria bom termos a escola aqui, pois, era mais perto para os pais, também para ajudar as crianças caso passem mal. Além disso, misturou muito elas indo em uma escola que fica mais longe da comunidade", relatou a dona de casa Katiele Roberta da Silva, que tem dois filhos, de dez meses e dez anos, e uma filha, de sete anos.

Terreno em que município prometeu construir escola municipal
Terreno em que município prometeu construir escola municipal | Foto: Pedro Marconi

PREFEITURA

O Núcleo de Comunicação da prefeitura informou, por meio de nota, que o projeto de construção da escola está em fase de elaboração e a licitação deve ser publicado até o final do ano. Sobre as estradas, a secretaria municipal de Agricultura e Abastecimento disse que se trata “de um loteamento de chácaras não regularizado” e, deste modo, “não existe infraestrutura que suporte o trânsito em dias de chuva e nem mesmo a drenagem das águas pluviais.”

A pasta destacou que tem realizado manutenções em pontos críticos que afetam as linhas de transporte escolar, de acordo com as demandas indicadas pela secretaria municipal de Educação. “Especialmente naquele local a Agricultura realizou, junto com a Câmara dos Vereadores, uma vistoria, em que constatou que existem terraplanagens feitas pelos moradores, o que está dificultando a saída de água e formando os atoleiros”, defendeu. A expectativa é de que os servidores façam um “paliativo” na região.

Em relação à obra do posto de saúde, a secretaria municipal de Gestão Pública abriu um processo de penalidade contra a empresa – que tem sede em Santana do Parnaíba, em São Paulo – por falta de movimentação de trabalhadores e atraso no cronograma.

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