Com o portão principal fechado, marcas de distanciamento e novos protocolos para garantir a saúde de todos, a missa desta quarta-feira (12), na Catedral Metropolitana, celebrou os três anos de dom Geremias Steinmetz à frente da Arquidiocese de Londrina. “Lembro do calor em pleno inverno quando cheguei aqui em 2017”, contou. O arcebispo avalia o período como um tempo de muita atividade e desafios.

Imagem ilustrativa da imagem Missa na Catedral marca os três anos de dom Geremias em Londrina
| Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

Foram três anos intensos. No último, o arcebispo destaca os trabalhos durante a pandemia, em que as celebrações foram suspensas, mas o atendimento às pessoas em situação de vulnerabilidade se potencializou. Ele comenta a atividade da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, em conjunto com a Prefeitura de Londrina, na coleta e distribuição de alimentos e itens de primeira necessidade, além do atendimento aos moradores de rua.

Durante esse período em Londrina, o arcebispo sofreu críticas e acusações de grupos da cidade, que denunciavam infiltração política na igreja. Depois, durante a pandemia do novo coronavírus, foi novamente criticado sobre a decisão de impedir as celebrações nas paróquias.

Para ele, as polarizações são desafios desse momento e precisam ser debatidas e esse é um ponto discutido pela Regional Sul II da CNBB, da qual foi eleito vice-presidente em 2019. “A gente tem que ver se consegue trabalhar contra essa questão das polarizações, inclusive, o trabalho da igreja é também um trabalho de conscientização do nosso povo com relação à democracia e às nossas opções políticas”, menciona.

Durante a celebração, o arcebispo falou sobre a necessidade de trabalhar a proposta de reconciliação para manter a unidade e a presença de Deus em cada um, a partir disso, ter a oportunidade e direito de recomeçar. “Quando a gente caminha, vai acertando e errando, mas é um trabalho que precisa sempre ser feito (...). As palavras servem para o cristão e servem também para o arcebispo no sentido de trabalho sempre reconciliado, viver brigados não adianta, a gente precisa de fato se reconciliar para podermos recomeçar. A perseverança exige sempre recomeços diários”, responde.

O padre Rafael Solano, pároco da Catedral Metropolitana de Londrina, elogia os trabalhos do arcebispo para uma Catedral mais litúrgica e trabalho mais próximo do fieis, com intimidade entre os frequentadores, “afinal de contas, essa é a sua igreja, então, ele simplesmente chega aqui e está em casa, é o ambiente dele”, aponta. Do ponto de vista dos londrinenses, o padre acredita que há também uma aproximação. “Hoje, depois de três anos, se sente que a comunidade paroquial não somente gosta dele, aceita, também se relaciona como se relaciona com os anteriores e outros padres”, afirma.

FIÉIS

Marilene Lino Céu, 46, frequenta as missas das quartas-feiras na Catedral há 12 anos e esteve na celebração que comemorava também o aniversário da presença do arcebispo em Londrina. “Para mim, dom Geremias foi uma benção para Londrina. Ele tem uma direção espiritual muito forte”, defende. Sobre as discussões sobre a proibição das celebrações durante a pandemia, ela concorda com a decisão do arcebispo. “Ele foi certo, ele agiu como um pai cuidando de seus filhos. Sobre a questão política, cada um tem a sua opinião, ele tem seus pensamentos, cabe a nós a aderir ou não. Ele é um ótimo líder religioso, eu estou contente com ele”, argumenta.

Para participar da celebração, os fiéis entraram apenas pelas portas laterais, que contava com a ajuda de duas pessoas responsáveis pela higienização das mãos, por meio de álcool 70º, e dos pés, por meio de tapetes sanitizantes, de cada um que entrava. Era permitido apenas duas pessoas por banco, com um adesivo apontando a distância entre eles, além das faixas amarelas, intercalando os bancos. Na comunhão e na saída, todas as orientações para evitar aglomerações foram feitas.

Diferente da habitual lotação do período anterior à pandemia, a igreja estava vazia. Porém, não por conta das opiniões sobre o arcebispo. “Ele é uma boa pessoa, aberto ao diálogo. Ele recebeu críticas sobre o fechamento das igrejas, mas são as normas, todo mundo tem que ter bom-senso”, afirmou Alexsandro Zanco, 43. Ele acredita que a aproximação do arcebispo com os mais pobres e população baixa-renda também pode ter incomodado quem pensa diferente, mas tem a sua visão: “Nem Jesus agradou todo mundo, não é?”, argumenta.

Três anos intensos para Londrina e para dom Geremias. Entre tantas atividades, o arcebispo destaca algumas, como a transferência do Seminário Propedêutico São José, em Cambé, otimização do Lar Sacerdotal e dos trabalhos da cúria, com alterações nos relatórios econômicos, p desenvolvimento do 17º Plano Arquidiocesano da Ação Evangelizadora, com reflexões sobre a pastoral urbana, além das atividades de educação nos seminários e na PUC (Pontifícia Universidade Católica). Ele, que também se tornou bispo referencial da Cáritas Regional, vê projetos futuros. “Eu estou bem em Londrina e estamos aí, o trabalho continua”, comenta.