O pai de Takeki Nishiyama, Satoro Nishiyama veio de Cambará (Norte Pioneiro) para Londrina em 1934. Aqui fundou a máquina de arroz e o cinema com o irmão. “Dava para conciliar os dois. Ele era muito visionário e tinha confiança nos gerentes, que tocavam quase tudo. Ele também tinha cinco carros de aluguel, que ficavam com os motoristas", conta Takeki, que trabalhou com o pai na máquina de arroz.

Ele se recorda que ajudava a confeccionar os bilhetes de ingresso, que eram todas selados. "Tinha que passar a cola e aplicar o selo em cada uma delas”, relembrou. “Esses bilhetes eram feitos em uma garagem na rua Brasil”, detalhou, informando que as sessões eram sempre lotadas. "No sábado e domingo tinham filas e as matinês eram sempre lotadas”, destacou. Segundo ele, o público japonês era bem grande. “Ficava completamente lotado. Aqui tinha uma colônia grande e era o único local que passava filmes japoneses”, destacou.

Ele relata que na época da guerra foi nomeado um interventor para administrar o cinema. “Não foi um confisco, mas, por ser japonês, meu pai não podia 'mexer' com cinema. A gente achou que ia perder tudo, mas esse interventor era muito bom. Ele cuidou do negócio e devolveu tudo para o meu pai”, conta.

Em 1954 veio uma geada forte que dizimou boa parte das plantações de Londrina e com ela chegou a crise. “Era para ele construir o edifício Tókio com o Haruo Ohara e com o Tomita. Me recordo que tinha a planta do prédio em casa, mas depois da geada os acionistas não conseguiram completar a cota e ele vendeu a parte dele. Mudamos para São Paulo em 1955 e meu pai vendeu o imóvel para o dono do antigo Cine Londrina. O Cine Theatro Municipal virou Cine Jóia”, destacou.

INCÊNDIO

O fim do espaço como teatro e como cinema ocorreu na madrugada do dia 10 de novembro de 1975, quando o imóvel foi consumido por um incêndio.

O Cine Theatro Municipal foi a quarta sala de exibição de filmes na cidade. A primeira sala foi o Cine Teatro Nacional, inaugurada em 1933 na esquina da avenida Duque de Caxias com a rua Santa Catarina. A sala ficava em uma parte da pensão de Misael de Almeida, que era improvisada como cinema.

Posteriormente, Antônio Augusto Caminhoto passou a exibir filmes em uma máquina de arroz, em 1934, na antiga rua Cambé, que depois se tornou rua Quintino Bocaiúva. Logo ele se mudou para o imóvel ao lado, criando o Cine Londrina. Quatro anos depois, em 1938, é criado o Cine São José (na rua Minas Gerais). Takeki se recorda que seu pai era muito amigo de Caminhoto e foi ele o inspirador para que se enveredasse no ramo.