Marcos Negrini




DesesperoDaiana,
Jacira e
Osvaldo,
irmã e
pais de Ana
Maria: ‘‘Ela
morreu
depois de
tomar
injeção’’,
dizia a mãe.
O corpo da
menina foi
levado ao
Instituto
Médico
Legal
para exames
que comprovaram
a meningite
como causa
da morte




A meningite bacteriana fez a primeira vítima do ano no Noroeste do Estado, região controlada pela 15ª Regional de Saúde. A menina Ana Maria Magalhães, de 5 anos, foi contaminada pela bactéria e morreu quarta-feira, no Pronto-Socorro Municipal de Sarandi (7 km de Maringá). No ano passado, segundo a chefe da divisão de assistência à saúde da 15ª Regional, Ercília Fukui, foram notificados 14 casos da doença, com dois óbitos.
O pronto-socorro demorou 24 horas para descobrir que Ana Maria deu entrada no atendimento de emergência com meningite. Os pais, até às 13 horas de ontem, ainda não sabiam que ela estava com a doença. O pai Osvaldo Cardoso Magalhães registrou queixa na polícia contra o pronto-socorro, pois não foi informado sobre a causa da morte da filha.
Na quarta-feira de manhã, Ana Maria começou a sentir dores pelo corpo. Vomitou e apresentou um pouco de febre, segundo a mãe dela, Jacira Ferreira da Silva. Jacira levou a criança no colo até o pronto-socorro, por volta das 10h30, onde foi atendida pelo médico Mauro Rosa Veiga. Segundo a mãe, Ana Maria conversava normalmente e não sentia tonturas. Conforme o médico, a menina estava cianótica (roxa), com insuficiência respiratória e apresentava torpor.
Veiga garantiu que Ana Maria, depois de tomar uma injeção de Dipirona para baixar a temperatura, foi entubada, mas morreu em seguida. ‘‘O coração dela parou’’, disse o médico. ‘‘Ela estava bem e morreu depois de tomar a injeção’’, afirmou a mãe.
‘‘Nunca vi nada tão rápido na minha vida. O médico Veiga apenas me disse que Ana estava morta. Logo depois, dois minutos depois, um carro-funerário com caixão e tudo já estava na porta do pronto-socorro esperando pelo corpo dela. Não me disseram nada e não me deram nenhum documento. Não souberam me explicar a causa da morte. Só ouvi a enfermeira dizer para o médico que ela tinha morrido após um ataque cardíaco. Tive a impressão que eles não sabiam o que estava acontecendo com ela, ou então deram uma injeção errada em Ana’’, desabafou Jacira.
Depois da morte de Ana, a enfermeira-chefe do pronto-socorro, Lígia Luciene Galdino, enviou sangue e líquido da espinha para exames no laboratório da 15ª Regional de Saúde. Ela e o médico Veiga suspeitaram de meningite.
O corpo de Ana estava sendo velado ontem em sua casa, na Rua Jaguaruna, em Sarandi, quando a pedido do delegado José Aparecido Jacovós uma ambulância o levou para o IML. À tarde, o laudo do IML confirmou as suspeitas do médico acerca da meningite. Jacovós decidiu não abrir inquérito.
O pré-resultado do exame da Regional só chegou às 10h30 de ontem à enfermeira Lígia. Somente dentro de sete dias é que a Regional poderá dizer o tipo da bactéria que matou Ana Maria.
O diretor do IML, médico Aldo Pesarini, proibiu que a imprensa tivesse acesso ao atestado de óbito assinado por Veiga. Como causa da morte, o médico escreveu no atestado septicemia (infecção generalizada).