O presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Luiz Salim Emed, disse ontem que formalizará na Secretaria de Segurança Pública uma denúncia contra o médium goiano João Teixeira de Farias por charlatanismo e exercício ilegal da medicina. ‘‘João de Abadiânia’’, como também é conhecido, realiza, desde domingo, sessões de curas espirituais e cirurgias de corte com facas e bisturis no pavilhão do Parque Internacional Castelo Branco, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Policiais da delegacia de Pinhais devem se dirigir ao pavilhão na manhã de hoje para acompanhar o trabalho do médium. A direção do CRM fez o comunicado ontem à tarde, solicitando a averigução. ‘‘Vamos verificar se existe alguma coisa coisa de criminal. Temos que agir com bastante cautela’’, disse o superintendente da delegacia, Sérgio Vieira Portela. O policial antecipou que até às 18 horas não tinha recebido nenhuma informação sobre possíveis pessoas feridas durante as sessões protagonizadas por ‘‘Joâo de Abadiânia’’.
‘‘O público acredita mais nessas pessoas do que na gente. Eles são seduzidos pela virtude que esses indivíduos têm de enganar os menos esclarecidos’’, criticou Emed. Segundo ele, o CRM já denunciou casos envolvendo outros médiuns que acabaram ferindo os olhos de pessoas. Emed lamentou que a diretoria do CRM procurou a família das vítimas, mas não conseguiu formalizar o ocorrido. ‘‘Eles alegaram que era coisa de Deus’’, afirmou. ‘‘João de Abadiânia’’ permanece no pavilhão do Parque Internacional Castelo Branco até o meio-dia de hoje quando pretende concluir o atendimento de cerca de 6 mil pessoas. Só no domingo, aproximadamente 3 mil pessoas foram atendidas por ele. O médium esteve em Pinhais pela primeira vez em novembro do ano passado.
Para o médico Luiz Salim Emed, pessoas como ‘‘João de Abadiânia’’ distorcem a prática do espiritismo e se favorecem do desespero dos outros. ‘‘De tempo em tempo esse pessoal aparece explorando as pessoas menos favorecidas, colocando em risco a vida de algumas delas.’’, comentou. Emed definiu que as práticas do médium são ‘‘um caso de polícia’’. João Teixeira de Faria, que é fazendeiro na região de Anápolis (GO), centraliza seus atendimentos no município de Abadiânia, a 75 quilômetros de Goiânia, onde mantém a Casa Dom Inácio. Ele recebe semanalmente cerca de 1500 pessoas que buscam tratamento para todos os tipos de enfermidades.