Médicos formados na UEL deixam história de luta contra a Covid-19
O clínico geral Fernando Miyake e o ortopedista Edson Takeda não resistiram às complicações da doença; ambos trabalhavam na linha de frente em hospitais do estado de São Paulo
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 27 de abril de 2020
O clínico geral Fernando Miyake e o ortopedista Edson Takeda não resistiram às complicações da doença; ambos trabalhavam na linha de frente em hospitais do estado de São Paulo
Micaela Orikasa - Grupo Folha
Familiares, amigos e colegas de profissão se despediram de dois médicos que se formaram pela UEL (Universidade Estadual de Londrina) e atuavam no combate ao novo coronavírus no estado de São Paulo. O clínico geral Fernando Noboru Miyake, 56, e Edson Yukinari Takeda, 55, faleceram por complicações da Covid-19.
Miyake era formado pela 24ª Turma de Medicina, em 1987, e faleceu no dia 21 de abril em Santo André (SP). Ele atuava como clínico geral e na gestão de Pronto-Atendimento e Internação no Hospital Beneficência Portuguesa, na região do ABC Paulista.
Nas redes sociais, seu irmão postou um depoimento sobre a dedicação de Miyake à profissão. “Cumpriu sua missão, inclusive na frente de batalha contra a Covid-9, salvando vidas todos os dias até o último instante, trabalhando até o momento em que foi internado com sintomas preocupantes. Resistiu por semanas, em sua maioria na UTI, dia após dia, mas a batalha desta madrugada contra o Covid19 ele não conseguiu vencer. Um verdadeiro herói!”, escreveu.
De acordo com o texto, Miyake deixou esposa e duas filhas. O irmão do médico também fez um alerta sobre a pandemia. “A Covid-9 não escolhe raça, religião, profissão, classe social, idade... Inclusive muitos profissionais da saúde estão morrendo. Precisamos 'remar para o mesmo lado', precisamos juntos combater este vírus, pois ele é verdadeiramente o inimigo a ser vencido. Temos que refletir e buscar este objetivo juntos”.
Assim como Miyake, o médio ortopedista Takeda também não resistiu às complicações do novo coronavírus. Ele se formou pela 27ª Turma de Medicina da UEL, em 1988, e faleceu no último dia 24 em São Paulo (SP).
Desde 2003, Takeda atuava no Hospital Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba. Ele atuou na reabertura da Ortopedia da Santa Casa de Suzano e lutou por quase 21 dias contra a doença. A rede de saúde Santa Marcelina também prestou uma homenagem ao médico no perfil do Facebook. “Expressamos nossas condolências e sentimentos, e unimos em oração à família, amigos e equipe de trabalho, nesse momento de luto.”
NOTA DE PESAR DA UEL
Também pelas redes sociais, o curso de medicina da UEL publicou uma nota de pesar: “O CCS e o Colegiado de Medicina da UEL, por meio de sua administração, professores, funcionários, colegas e comunidade, lamentam imensamente estas fatalidades e neste momento de perda e dor, transmitem os sentimentos aos familiares, amigos e colegas.”
O diretor do CCS (Centro de Ciências da Saúde) da UEL, o médico Airton José Petris, destacou que os óbitos de profissionais que atuam diretamente com pacientes contaminados pela Covid-19 é bastante significativo. “É o grupo que está mais indo a óbito. São os que atuam na linha de frente. Esses profissionais que nos deixaram e que de certa forma, representavam a UEL em outras regiões, tinham papeis importantes dentro da profissão, sendo bastante ativos”, disse.
Petris fez questão de citar que, além de médicos, o grupo de profissionais é extenso, com enfermeiros, técnicos de laboratórios, maqueiros, entre outros. “Por isso é importante a participação comunitária no suporte e no cumprimento das medidas preventivas. Lá atrás, quando a gente via o pessoal de saúde da Itália se paramentando a gente achava um certo exagero, mas agora é a nossa realidade. Precisamos estar protegidos”, salientou.
Por último, Petris declara que toda a situação imposta pela pandemia da Covid-19 se resume, na área da saúde, em grandes exemplos de cuidado com as pessoas. “Temos um aspecto muito importante que é humano e não apenas tecnológico em todos esses atendimentos. Os profissionais de saúde são as últimas pessoas a serem vistas por aqueles que morrem e isso, de certa forma, acaba criando uma empatia nessa relação, ou seja, de resgate da humanização do cuidado”, pontuou.