Médico nega negligência; pais aguardam laudo final do IML
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quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
Simone Mattos
Da Sucursal
Alessandro SantosO médico Álvaro Luiz Fontanella: corpo foi envolto em compressa cirúrgicaO médico Álvaro Luiz Fontanella, plantonista do Hospital Saint Claire, em Curitiba, confirmou ontem ter entregue o corpo de um feto natimorto a seus pais, no último domingo. O casal, morador no município de Almirante Tamandaré, conservou o feto na geladeira de casa por mais de 24 horas até encaminhá-lo para exames no IML.
A Delegacia de Homicídios está aguardando o laudo do IML - que deve demorar dez dias -, sobre as possíveis causas da morte do bebê. Após o resultado, o caso será encaminhado para o 4º Distrito, que poderá instaurar um inquérito.
Entreguei o corpo do bebê, envolto numa compressa cirúrgica ao pai, pois este é o procedimento normal realizado pelos hospitais, disse Fontanella. A família teria recebido também, o atestado de óbito tendo como causa morte trabalho de parto prematuro. O feto tinha entre sete e oito meses.
Segundo Fontanella, o pai foi orientado para sepultar o feto no mesmo dia e para que levasse a mãe do bebê, Sirlei Gonçalvez de Souza, para outro hospital onde faria uma curetagem. O médico disse que o bebê já estava em fase de mumificação e teria morrido há 40 dias.
O Hospital Saint Claire está em reformas, com o setor de obstetrícia desativado. Apesar disto, fizemos o parto na sala de cirurgia, com as condições básicas de assepsia, disse o médico. O atendimento foi gratuito.
O casal acusa o hospital de negligência e afirma que o parto ocorreu sobre um banco de uma sala comum. O feto teria sido entregue a eles dentro de uma sacola plástica de supermercados, sem nenhum cuidado.
O presidente da Associação Médica do Paraná, João Carlos Simões, afirmou que o procedimento normal seria o natimorto e a placenta serem encaminhados pelo hospital ao IML, para realização da necrópsia.
O diretor do IML, Francisco Moraes e Silva, disse que o hospital agiu certo ao fornecer o atestado com a causa da morte à família. Se o hospital não tivesse como apontar a causa mortis é que deveria enviar o feto ao IML, informou.