Mato alto e sujeira afastam a população das praças e parques de Londrina
A reportagem encontrou poucas pessoas aproveitando os espaços públicos; CMTU afirma que limpeza será feita até sexta-feira
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 07 de fevereiro de 2023
A reportagem encontrou poucas pessoas aproveitando os espaços públicos; CMTU afirma que limpeza será feita até sexta-feira
Jéssica Sabbadini - Especial para a Folha

A chuva deu uma trégua e o sol voltou a aparecer no domingo (5) em Londrina, mas nem isso conseguiu atrair muitas pessoas para as praças e parques da região central da cidade. Quem foi aproveitar o último fim de semana de férias com as crianças antes da volta às aulas se deparou com mato alto, lixo, calçadas danificadas e água parada. O descaso com os espaços que deveriam atrair e movimentar a cidade pode estar afastando muita gente.
A reportagem visitou alguns parques e praças da região central e conversou com a população a respeito da situação dos espaços públicos, que vem deixando a desejar na opinião dos usuários.
Revitalizado há pouco mais de um ano, o Bosque Central Marechal Cândido Rondon é um dos principais pontos de lazer da cidade. Entretanto, o mato alto se destaca para quem vai até o espaço ou passa pela região. João Paulo Monteiro, de 31 anos, costuma levar o filho para aproveitar os brinquedos nos finais de semana. “O mato aqui está bem alto e a gente consegue perceber que o espaço está precisando de mais cuidado por parte da prefeitura”, relata.

Outra dificuldade de quem vai até o bosque é encontrar algum banco para sentar, já que eles estão sujos de fezes e penas dos pombos que vivem na região. A pintura, que antes era alegre e colorida, agora já está indo embora e o que sobrou das tubulações de cimento usadas na decoração foram deixadas de lado em um canto do bosque. Apesar de ser um horário de pico para quem quer aproveitar o domingo, o bosque estava quase vazio.
Sediando um evento de um jogo online, a Praça da Bandeira também estava quase tomada pelo mato que, inclusive, brotava por entre os tijolos do chão. Marise Santa Maria (69) foi ao evento com o filho, a nora e os netos e reclamou da situação da praça, que fica bem no centro da cidade. “Por causa do mato, tem mosquito picando a gente o tempo inteiro”, conta. “Aqui é centro e olha para isso. Era um local que deveria ter flores e não mato desse jeito”, ressalta.
A reclamação é compartilhada por Clariana Lopes Frucchi (42), que também veio com a família para o evento. Segundo ela, é um absurdo que o centro da cidade esteja da forma que está. “As pessoas falam tanto da dengue, que tem muitos casos aparecendo, e olha a situação desse mato aqui. Está deixando a desejar em muitos aspectos, eu não imaginava que estava desse jeito”, conta.
Frucchi afirma que se o município cuidasse mais dos espaços, ela e a família viriam com mais frequência. “A gente fica meio receoso de vir por conta da forma que está hoje”, destaca.
No trecho do Calçadão próximo à Rua Minas Gerais, a grama também está brotando por entre os vão dos tijolos. O casal Laércio Pedro e Iracema Pedro, de 65 e 57 anos, estavam sentados em uma das escadas do espaço. Segundo eles, o espaço está mal cuidado. “Aqui está tudo muito sujo e a calçada está precisando de reformas”, contam. Segundo eles, falta manutenção por parte do município para que o local fique agradável para a população.
Abandono

Dentre as praças e parques visitados pela reportagem, o pior cenário foi visto na Praça Tomi Nakagawa, que homenageia os imigrantes japoneses que vieram para Londrina. Apesar do mato alto, o que mais salta aos olhos de quem passa pela praça é a água que está acumulada na fonte, que está em desuso. A água, que é proveniente da chuva, não consegue escoar e pode se transformar em um ambiente propício para a proliferação do mosquito da dengue. Além disso, as caixas de escoamento de água estão abertas, trazendo riscos para quem precisa atravessar a praça à noite, principalmente porque a maior parte da iluminação está quebrada.
Assim como a água, o lixo também afasta as pessoas da praça. Maço de cigarros, potes de iogurte e embalagens de isopor eram alguns dos objetos descartados. A praça foi alvo de vandalismo, já que três das cinco placas de mármore em homenagem à imigração japonesa na cidade foram furtadas.
No espaço, o abandono por parte da administração municipal também é compartilhado pela população, já que no período em que a reportagem esteve por lá, nenhum visitante apareceu.
Realidades opostas
Uma quadra de distância separa a Rocha Pombo da Praça da Bandeira e da Tomi Nakagawa e a realidade é outra. Na praça, que fica entre o Museu de Arte e o Museu Histórico de Londrina, a grama recém-cortada e a fonte de água deixam o espaço agradável para quem quer aproveitar um dia de sol. Apesar do cenário positivo, também não havia pessoas circulando no espaço.
Segundo João Paulo Monteiro, as praças e parques da cidade poderiam ser utilizados para sediar eventos e exposições culturais e artísticas. “Alguma ação assim por parte do poder público para movimentar e atrair mais pessoas, já que isso também traria mais segurança para todo mundo”, ressalta. Para ele, não basta o município apenas reformar as praças e parques, tem que manter de forma adequada.
CMTU
A reportagem entrou em contato com a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina) nesta segunda-feira (6), que disse que o “serviço de capina e roçagem foi iniciado na área central da cidade na última quinta-feira (2), quando o corte do mato foi realizado na Praça Rocha Pombo”. De acordo com a CMTU, “a expectativa é que toda a região, incluindo os pontos informados, sejam limpos ainda nesta semana, até sexta-feira (10)”.
Também segundo a CMTU, Londrina teve vários dias seguidos de chuvas e que “as precipitações acabam por atrasar o cronograma de trabalho, já que, no momento em que está chovendo, os trabalhadores - por questões de segurança - não podem operar”.
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