Toda a estrutura apresenta a inscrição de nomes e outras frases, além de oxidação
Toda a estrutura apresenta a inscrição de nomes e outras frases, além de oxidação | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

A locomotiva manobreira La Meuse 101 será restaurada nos próximos meses. Prefeitura de Londrina, UEL (Universidade Estadual de Londrina) e MPF (Ministério Público Federal) firmaram recentemente um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), que prevê o serviço com as melhorias. Atualmente, a estrutura está abrigada no pátio do Museu Histórico Padre Carlos Weiss, no centro.

O gasto previsto é de até R$ 100 mil, dinheiro que foi repassado no final de outubro pelo MPF e está no caixa do Fundo Municipal de Preservação do Patrimônio. “No ano passado o MPF nos procurou dizendo que iria receber uma verba por conta de dois TAC e ofereceu o dinheiro para o museu, para recuperação da manobreira”, explicou Edméia Ribeiro, diretora do Museu Histórico. Caso haja sobra, o valor será destinado ao Fundo Municipal de Saúde.

Após reuniões entre membros do município, museu e Ministério Público o acordo foi assinado em setembro. O museu fez o projeto de restauração cênica, que foi aprovado pelo Fundo Municipal de Preservação do Patrimônio. A verba será repassada para a conta da Asam (Associação dos Amigos do Museu Histórico de Londrina).

É a entidade que vai lançar a licitação para contratação do trabalho. “A previsão é de que o edital seja publicado até o final de janeiro, o serviço comece em fevereiro e até o final de abril seja concluído”, projetou.

Segundo Caio Cesario, secretário municipal de Cultura, o poder público está dando encaminhamento nos trâmites burocráticos para a transferência do montante e confirmação da parceria. “A Asam vai tomar todas as medidas para fazer a verificação de preços, já que têm expertise para a coordenação de um projeto deste tipo”, destacou. Em 2014, o museu restaurou a locomotiva a vapor modelo Baldwin 480.

SERVIÇOS

A revitalização da La Meuse prevê limpeza interna, substituição das chapas deterioradas pela corrosão, troca de rebites e parafusos, reposição de peças, recomposição de logotipo e execução de cobertura com estrutura metálica e policarbonato. A manobreira foi fabricada em 1905, na Bélgica, e usada na Estrada de Ferro do Paraná, de São Paulo e, por último, na Rede de Viação Paraná.

Em 1999 a locomotiva foi concedida a Londrina, ficando exposta no pátio do PAI (Pronto Atendimento Infantil) até 2016, quando foi levada para o Museu Histórico. Durante o período que ficou na unidade de saúde, o maquinário foi degradando pela ação do tempo e de vândalos. Toda a estrutura apresenta a inscrição de nomes e outras frases, além de oxidação.

Imagem ilustrativa da imagem Manobreira La Meuse será restaurada
| Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

IPHAN

Há cerca de cinco anos, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) determinou a mudança da locomotiva para Curitiba. O instituto tinha interesse de realizar passeios em um circuito turístico pela Associação Brasileira de Patrimônio Ferroviário. Na época, entidades, políticos e a população se mobilizaram pela manutenção da manobreira na cidade.

O secretário municipal de Cultura destacou que nada impede que o assunto da transferência seja retomado, por se tratar de um bem público, entretanto, o Executivo vem adotando todas as medidas para que o patrimônio continue em Londrina. “Agora é diferente porque temos a anuência do Iphan para que a manobreira fique aqui”, frisou. “É um elemento de contemplação que faz referência ao passado da cidade e o objetivo da recuperação é para cuidar do bem e mantê-lo.”

JUSTIÇA HISTÓRICA

As melhorias no maquinário serão promovidas no pátio do museu, sem necessidade de deslocamento. “É um presente o fato de termos a possibilidade de um patrimônio ficar num local próprio, que é a antiga estação ferroviária, lugar que conta a história de Londrina. É uma justiça histórica. O museu, embora órgão suplementar da UEL, é um bem público e trabalhamos muito em parceria com o município”, afirmou Edméia Ribeiro.