Começou a valer nesta quarta-feira (15) o decreto que obriga o uso de máscaras no transporte coletivo de Londrina. Nessa manhã, a maioria dos usuários demonstrou saber sobre a determinação do município e chegou ao Terminal Central já com a peça no rosto. Os poucos que chegavam desprevenidos receberam o item e a orientação da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) para continuar o trajeto.

Imagem ilustrativa da imagem Maioria respeita decreto de uso de máscara no Terminal Central de Londrina
| Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

O sol nem tinha aparecido, mas o dia já se mostrava diferente. Poucos usuários desciam dos ônibus sem estar com a máscara de proteção no rosto. “Eu já sabia que ia ser obrigatório e quem não estivesse protegido sofreria as consequências. Hoje foi o primeiro dia que eu vi todo mundo com máscara no ônibus”, comentou Fábio Pontes, 47.

O zelador entrou na linha do conjunto Semíramis Barros Braga, zona norte, às 5h50, e disse que todos sabiam da obrigatoriedade. “Tinha aviso dentro do ônibus desde o começo da semana”, comentou. Tentando se proteger o máximo que pode, Pontes chegou ao Terminal Central para continuar o trajeto até o trabalho, mas antes higienizou as mãos com álcool em gel. “Uso sempre, pego daqui e carrego comigo na bolsa também”, afirmou.

Mas nem todos estavam cientes de que a determinação começaria a valer nesta quarta-feira (15). Gabriela Barbosa, 21, é técnica de enfermagem e chegou ao Terminal sem o item. “Eu só fiquei sabendo que o prefeito iria dar o decreto. Hoje eu peguei normal, ninguém falou nada no ônibus”, apontou. No horário que ela chegou, as peças ainda não eram distribuídas no local.

Imagem ilustrativa da imagem Maioria respeita decreto de uso de máscara no Terminal Central de Londrina
| Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

Três caixas de máscaras foram abertas por volta das 6h30 no Terminal Central. Uma senhora se aproximou para adquirir a sua, mas a orientação foi direta: “é só para quem está sem”, disse o agente. “Mas eu tenho pessoas da família que não têm”, retrucou. A explicação era de que apenas aqueles que estivessem frequentando o transporte coletivo sem a proteção receberiam as máscaras naquele momento.

Algumas pessoas reclamavam dos critérios, outras não questionaram. Andreia Rezende Pissinati, 44, estava usando apenas as máscaras descartáveis que tinha recebido no hospital em que trabalha. “Quando eu cheguei aqui, joguei fora, porque não pode ficar muito tempo usando”, explicou a zeladora. Foi por estar com nariz e boca desprotegidos que ela foi chamada pela CMTU. “Eu sabia que era obrigatório, mas eu não tinha, estava usando a do meu trabalho provisoriamente”, contou.

A circulação de pessoas aumentava entre os gritos de um agente: “Não será permitido o embarque na volta se não estiver com a máscara!”. Hora ou outra aparecia alguém perguntando se tinha direito a pegar o item. Uma senhora sem a proteção conseguiu a sua, mas ao ser questionada pela reportagem se ela não colocaria a peça, disse que já tinha e que estava pegando para uma vizinha.

CRITÉRIOS

De acordo com Marcelo Cortez, presidente da CMTU, a distribuição é feita para quem não teve conhecimento sobre a obrigatoriedade ou que não tem condições de adquirir o acessório para o uso no transporte coletivo. “Vamos entregar por um período para que a população não deixe de trabalhar, a pessoa tem que pelo menos ir até o local de trabalho para receber esse equipamento de proteção da empresa”, afirmou.

Ele explicou que cada empregador é responsável por equipar seus colaboradores. “O empregador tem que fornecer à população. Houve pedido de reabertura do comércio e ela está condicionada à distribuição dos equipamentos de segurança aos seus colaboradores, que devem cobrar pelo equipamento”, defendeu.

Ao todo, são cem mil máscaras para a distribuição em todos os terminais de transporte coletivo da cidade, mas Cortez pede que somente aqueles que realmente não têm condições de adquirir busquem a sua. “A gente pede que a população tenha conscientização, não adianta você já ter uma, querer pegar outra e deixar alguém sem acesso. Agora é o momento de todo mundo se ajudar.”

PENALIDADES

Uma pessoa que se recusa a cumprir o decreto pode sofrer consequências e a própria comunidade está vigilante quanto a isso. “Hoje aconteceu um fato, um homem se recusou a usar a máscara para entrar no ônibus e os próprios usuários não queriam que ele entrasse sem o equipamento”, contou. A Guarda Municipal e a Polícia Militar podem ser chamadas, através do 153, quando houver insistência no descumprimento.

A intenção é que o acessório ajude a proteger a população da Covid-19 e permita uma abertura gradual de alguns segmentos da sociedade. A partir desta quarta-feira, indústria e construção civil voltam a funcionar e o uso obrigatório da máscara é uma determinação não apenas o usuário do transporte coletivo, como para todo os cidadãos que estiverem fora de seus domicílios durante o período de emergência.

ITINERÁRIO

O presidente da CMTU contou que nesta quarta-feira a frota está funcionando no sistema de horário dos sábados, com 70% da frota, pois houve queda de 80% do número dos passageiros. Com o retorno gradual das atividades, será feito acompanhamento para a retomada dos veículos. “Hoje já houve um pequeno incremento, uma absorção maior por parte da frota”, apontou.

No entanto, trabalhadores da construção civil que esperavam a linha 113 - Pioneiros reclamavam que estavam há mais de uma hora aguardando o veículo. “Estamos aqui esperando, teve colega que pegou outra linha, que leva próximo de lá, mas tem que andar a pé um quilômetro aproximadamente”, criticou Paulo Roberto, 47, servente de pedreiro em uma empresa do ramo.

Ele explicou que naquela linha teriam pelo menos 40 funcionários da mesma empresa que estavam retornando às atividades. “A gente voltou com máscara, mas o ônibus não voltou. Duro que é capaz de chegar lá no trabalho, passar o cartão atrasado, não deixarem a gente entrar e perder o dia”, comentou.

Cortez respondeu que todas as linhas estão em funcionamento e que talvez a linha em questão estivesse com a quantidade reduzida pela queda do número de passageiros. Nesse ponto, disse que, verificada a necessidade, terá retorno da frota regular e, se for preciso, até o reforço poderá ser ativado.

O presidente também pediu que as empresas tenham consciência de flexibilizar o horário. “A gente pede para tirar a pessoa do fluxo. Para a indústria, empresa, a gente pede o escalonamento da entrada para minimizar o problema de aglomeração.”