Em pouco mais de um mês, Londrina já tem 42 casos confirmados de dengue neste ano. O que vem chamando a atenção do poder público é que 73% dos registros, ou seja, 31, estão concentrados na zona leste da cidade, em especial na área de abrangência da UBS (Unidade Básica de Saúde) do conjunto Lindóia, que ainda engloba outros bairros como Mister Thomas, Alemanha e Vila Romana.

“Fizemos um trabalho nos últimos 30 dias de intensificação, com as equipes de endemias aplicando inseticida com bomba costal, entretanto, observamos que este índice não caiu da maneira satisfatória que esperávamos”, relatou Felippe Machado, secretário municipal de Saúde.

Diante da adversidade e do risco, a prefeitura iniciou na localidade, na quarta-feira (3), o mutirão “Bota Fora”, em que a população é convidada a deixar nas calçadas das residências materiais e objetos que são recolhidos para o descarte correto. A intenção é eliminar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, que além da dengue transmite outras doenças, como zika e chikungunya.

Servidores da CMTU apanham os entulhos que os moradores deixaram nas calçadas. Em breve mutirões chegam em outras regiões de Londrina
Servidores da CMTU apanham os entulhos que os moradores deixaram nas calçadas. Em breve mutirões chegam em outras regiões de Londrina | Foto: Pedro Marconi

A ação vai acontecer na região por, pelo menos, uma semana, com o auxílio dos caminhões e servidores da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), que apanham os entulhos. “O setor de endemias faz o mapeamento e vai nos informando onde precisamos passar (com os caminhões). Os agentes foram nas casas previamente e o carro de som também passou avisando sobre o trabalho e pedindo para as pessoas desfazerem dos entulhos”, explicou o presidente da companhia, Marcelo Cortez.

A ideia é que os mutirões sejam levados para outros pontos do município, assim como foi feito no ano passado, para inibir a proliferação do mosquito. “Vamos fazer de forma contínua para que tenhamos um ano mais tranquilo em relação ao que foi 2020. Lógico que todo sucesso desse combate à dengue depende da parceria pública com a população. É uma batalha de todos nós”, destacou Cortez. Londrina atravessou uma epidemia de dengue no ano passado, com mais de 24 mil casos e, pelo menos, 41 mortos.

CUIDADOS

Moradora do Lindóia há cerca de 40 anos, Antonia Guimarães lamentou a falta de cuidado de alguns moradores. “Faço o que posso para manter meu quintal limpo, não deixo água parada, lixo acumulado. Se faz obra já chamamos o carroceiro para levar. Mas têm casas fechadas, abandonadas e com muita sujeira, o que é um perigo”, apontou a dona de casa.

O mestre de obras aposentado Jocelino Alves se diz preocupado com a crescente de casos de dengue no bairro. Ele vive no Mister Thomas. “Está feia a situação. Bastante gente já teve ou está com suspeita. Na minha casa o quintal é grande, mas estou cuidando. Nunca tive dengue e pretendo não ter”, afirmou.

CRIADOUROS NAS CASAS

De acordo com a secretaria municipal de Saúde, aproximadamente 90% dos criadouros do Aedes aegypti estão sendo identificados nos imóveis. “A dengue é uma doença endêmica. Infelizmente estamos sujeitos que isso ocorra todos os anos (epidemia). No entanto, o que vai ser decisivo é o comportamento social. A população precisa ajudar. Dengue é uma doença grave e pode levar ao óbito”, alertou Felippe Machado.

Por conta da pandemia de coronavírus, a atuação dos profissionais de endemias foi alterada, com os trabalhadores evitando entrar nas residências, principalmente naquelas em que os moradores são do grupo de risco. “Por mais que o poder público se esforce, sem a participação do cidadão fica difícil vencer a questão da dengue”, frisou o secretário. Outro alerta é em relação ao atual clima, com chuvas constantes e calor, o que se torna um potencial para a reprodução do mosquito.

PARANÁ

Boletim divulgado nesta semana pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) mostra que o Paraná tem 2.270 casos confirmados de dengue no atual ciclo epidemiológico, que teve início em agosto do ano passado. São 324 casos a mais que o informe anterior. Seis pessoas perderam a vida. Em comparação com o mesmo período de 2020, o número de doentes é menor, quando foram 10.882. Já tiveram notificação da doença 355 cidades.