Magos, bruxos, fadas e guerreiros tomaram conta dos corredores da UTFPR (Universidade Tecnológico Federal do Paraná ) de Londrina na tarde deste sábado (19). A 41ª edição do Board Games reuniu dezenas de pessoas que gostam de jogos de tabuleiro ou de RPG (Role-Playing Game) para passar uma tarde de diversão e, claro, de muito jogo.

A atividade faz parte do programa de extensão ‘Uso do lúdico como ferramenta de ensino’, que foi criado pelo professor de engenharia mecânica Maurício Iwama Takano, do campus de Cornélio Procópio da UTFPR. Ele explica que a ideia de montar um projeto surgiu há sete anos, quando passou a estudar sobre a utilização desse tipo de jogo como uma ferramenta de ensino.

O professor explica que cada jogo traz diferentes histórias e temáticas que precisam de habilidades específicas dos jogadores. Dessa forma, ressalta, é possível trabalhar em sala de aula aspectos dos jogos que os estudantes podem extrair para serem bons profissionais. Takano destaca que os jogos auxiliam no desenvolvimento de habilidades sociais, na resolução de problemas, no trabalho em equipe e trazem mais autoconfiança.

Ele explica que essa é a terceira edição do evento depois da pandemia de Covid-19, que acontece uma vez por mês intercalando entre os campi de Londrina e de Cornélio Procópio. Em Londrina, a próxima edição será no dia 7 de outubro, das 13h às 18h, e não é necessário fazer inscrição.

Professor Maurício Takano (de amarelo): “A sociedade ainda tem esse preconceito de achar que o adulto não pode mais brincar ou jogar"
Professor Maurício Takano (de amarelo): “A sociedade ainda tem esse preconceito de achar que o adulto não pode mais brincar ou jogar" | Foto: Jéssica Sabbadini

'MAIS DE 100 JOGOS DISPONÍVEIS'

“Nós temos mais de 100 jogos disponíveis, então a pessoa chega, escolhe qual quer jogar e já pode começar. Se é um iniciante, nós ajudamos a escolher baseado no gosto dela e ensinamos a jogar”, explica. Takano detalha que eles têm duas modalidades de jogos: de tabuleiro e RPG. No primeiro, os jogadores devem seguir as regras já estabelecidas e podem jogar no modelo competitivo ou cooperativo, dependendo do jogo; já no RPG, um mestre narra a história e os demais jogadores se transformam nos personagens e vão interagindo. Um dos mais famosos, segundo o professor, é o Dungeons & Dragons, que virou filme recentemente e também foi muito citado na série Stranger Things, da Netflix.

“A sociedade ainda tem esse preconceito de achar que quem tem que brincar é criança e que o adulto não pode mais brincar ou jogar. Isso é ruim porque a gente aprende muito quando está jogando, além de termos uma capacidade maior de absorver conteúdos quando estamos em um momento descontraído”, destaca. Antes da pandemia, o evento reunia mais de 100 participantes em Londrina.

Segundo ele, o Brasil vem tendo um crescimento no número de jogadores de jogos de tabuleiro e RPG desde 2017, que foi impulsionado pela pandemia e pela impessoalidade dos modelos online.

'FUGA DOS PROBLEMAS'

Acostumado a jogar jogos de tabuleiro desde criança com a família, o designer gráfico Léo Felipe de Oliveira Erlich, 26, conta que quer seguir no ramo do desenvolvimento de jogos digitais e analógicos. Já como hobby, ele conta que jogar uma partida de algum jogo que gosta ajuda a distrair em momentos de estresse e na criatividade: “é uma fuga dos problemas do dia a dia”.

Léo Erlich e Carlos Henrique Molina
Léo Erlich e Carlos Henrique Molina | Foto: Jéssica Sabbadini

Pela primeira vez no Board Games da UTFPR, Erlich estava jogando uma partida de 7 Wonders Duel com o amigo e colega de faculdade, Carlos Henrique Molina, 23, que juntos desenvolveram um jogo de cartas como projeto final do curso. Para Molina, o começo nos jogos foi mais tardio, já na faculdade, que teve início com o “faz de conta” do RPG e depois o levou aos de tabuleiro.

Também desejando seguir profissionalmente na área dos jogos, ele conta que o mercado no Brasil ainda é muito pequeno. “O problema dos jogos de tabuleiro é o preço, sendo que os mais baratos estão na faixa dos R$ 200, R$ 300 e até os de cartas custam por volta de R$ 100. É um item de luxo que não é para todo mundo”, afirma.

Já para Erlich, a solução é comprar, jogar, vender e então comprar um diferente. “Para nós que estamos trabalhando com isso, a gente compra e joga bastante para poder absorver o máximo possível, então a gente vende e compra um diferente para fazer a mesma coisa”, explica, acrescentando que o preço pode ser algo que afasta novos jogadores. Sobre o evento promovido pela UTFPR, os amigos afirmam que é muito bacana por ser uma oportunidade de ter contato com diversos jogos sem ter que gastar.

VARIEDADE

O estudante de engenharia de controle e automação no campus de Cornélio Procópio, Yago Santana, 26, veio para Londrina para participar do evento. Ele conta que costuma jogar com um grupo de 10 amigos alguns jogos, que eles alugam em uma locadora da cidade especializada nessa área. “A gente paga R$ 40 e pode ficar com o jogo por uma semana”, explica. Admitindo que prefere os jogos online, ele conta que veio para experimentar novos jogos. “Ainda tem muito preconceito, mas é como ver uma série: tem tanta variedade que não tem como você dizer que não gosta de nada”, ressalta.

Yago Santana:  "Tem tanta variedade que não tem como você dizer que não gosta de nada”
Yago Santana: "Tem tanta variedade que não tem como você dizer que não gosta de nada” | Foto: Jéssica Sabbadini

PINTURA DE MINIATURAS

Enquanto algumas pessoas aproveitavam o evento para jogar, outras preferiram participar de uma oficina de pintura de miniaturas de jogos famosos. O professor do curso de engenharia química do campus de Londrina da UTFPR, Felipe Bezerra, foi responsável por ministrar a oficina, que surgiu a partir de um hobby dele, que é a pintura de telas. Segundo ele, as miniaturas são impressas e preparadas na universidade antes de serem entregues aos participantes.

Felipe Bezerra ministrou oficina de pintura de miniaturas
Felipe Bezerra ministrou oficina de pintura de miniaturas | Foto: Jéssica Sabbadini

No minicurso, ele ensina conceitos básicos de teoria da cor, valor e teoria da pintura. “Na pintura, a gente precisa estar muito concentrado, ainda mais em pintura de miniaturas, que têm muitos detalhes em três ou quatro centímetros. Ela trabalha muito a concentração e todo mundo que começa fala que é uma atividade muito relaxante”, afirma. Segundo ele, os participantes sempre saem surpresos com o resultado: “eles falam que não sabiam pintar, mas a pintura é só aplicar alguns conceitos básicos que você consegue chegar no resultado”.

Imagem ilustrativa da imagem Magos, fadas e guerreiros tomam conta  da UTFPR de Londrina
| Foto: Jéssica Sabbadini