Numa manhã nublada desta quarta-feira (21) , as pessoas que acompanharam sepultamento do corpo de Luan Augusto da Silva carregavam rosas brancas e oravam em homenagem ao jovem de apenas 16 anos. Assim como a namorada, Karoline Verri Alves, 17, Luan foi morto por um atirador que invadiu um colégio de Cambé (Região Metropolitana de Londrina) na segunda-feira (19).

O jovem chegou a ser socorrido e estava no Hospital Universitário de Londrina., mas morreu na terça-feira. A família autorizou a doação do globo ocular. Ele foi velado no salão paroquial da Igreja Matriz de Cambé e sepultado no Cemitério Municipal Padre Symphoriano Kopf, por volta das 10h.

“A gente fica revoltado, mas não é o certo”, conta uma senhora, que acompanhou o velório e enterro do jovem e conhecia o casal de missas e eventos da igreja. Chorando, ela fala que é difícil aceitar o que aconteceu com os dois estudantes.

Aos 80 anos, Ronildo Simoneto também estava acompanhando a despedida de Luan. Apesar de não conhecer o jovem, ele diz que pelo fato de ser cambeense, a morte do menino também o machucou. “O sentimento agora é de tristeza e tristeza”, conta. Sobre a morte do atirador, cujo corpo foi encontrado na noite de terça-feira, na Casa de Custódia de Londrina, ele fala que já não adianta mais porque “ele já fez o que fez”.

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Pouco antes do início do cortejo fúnebre, musicais religiosas foram cantadas em homenagem ao jovem, assim como orações e preces feitas. Avô de Luan, o fotógrafo Waldomiro da Silva disse que o neto e a namorada eram “só bondade” e pediu que a morte dos dois sirva de exemplo para o mundo. Sobre a morte do atirador, Silva ressaltou que a família não sente raiva e que “ele tem que se acertar com Deus”.

Imagem ilustrativa da imagem Luan Augusto é sepultado em Cambé sob aplausos e muita emoção
| Foto: Sergio Ranalli

'CHEGA DE VIOLÊNCIA'

O avô também falou que uma capivara de pelúcia que estava junto ao caixão de Luan era um presente que o neto recebeu de Karoline em comemoração ao aniversário de um ano de namoro dos dois e que o objeto “representa o amor que um tinha pelo outro”. Ele contou que, na entrada e saída da escola, o neto cumprimentava a namorada com um beijo na testa e cada um fazia o sinal da cruz no outro. Dizendo que apesar da pouca idade, os dois têm muito o que ensinar a todo mundo, ele terminou pedindo para que as pessoas levantassem as mãos e repetissem: “chega de violência e que reine a paz”.

Com o início do cortejo, os policiais interditaram a Avenida Brasil e algumas vias próximas para que a multidão tomasse as ruas como uma última homenagem ao jovem. Em sinal de respeito, muitos lojistas fecharam as portas e ficaram em frente aos estabelecimentos.

Elvira Mori, 56, conta que conhece a família de Luan há muitos anos e que os filhos estudam na mesma escola. “As crianças estavam lá estudando e acontece uma coisa dessa. É triste demais”, afirma. Ela diz que, após essa tragédia, tem medo de mandar seus filhos para a escola e espera que as aulas remotas sejam adotadas novamente.

Após perder um filho em um acidente há cerca de dois anos, Nilva De Pieri, 76, diz estar revivendo novamente toda a tristeza. “Eu sinto a dor desses pais, é muito triste”, afirma. A neta estudava com os dois jovens assassinados e agora está muito abalada: “a cidade parou com o que está acontecendo nesta semana”. Ela aconselha a família a sempre se lembrar dos momentos bons, mas admite que não é fácil superar a perda de um filho.

Ednilson Gaffo, 41, vizinho da família há anos, acompanhou o velório e o enterro do jovem. Ele conta que os dois frequentavam a academia na qual ele é proprietário e que eles eram jovens muito bons e educados. “É uma dor imensurável. É uma tragédia, não é uma simples ida, é um terror para marcar Cambé para o mundo”, afirma. Segundo ele, o atentado ao colégio mudou o semblante de toda a cidade e que todo mundo sentiu a perda e a dor.

Imagem ilustrativa da imagem Luan Augusto é sepultado em Cambé sob aplausos e muita emoção
| Foto: Sergio Ranalli