A comemoração de aniversário em 2024 da administradora Bianca Veronesi será especial. Após quatro anos, ela vai poder celebrar novamente a data exatamente no dia em que nasceu: 29 de fevereiro. “É um dia único. Não tem quem não lembre de você neste dia. Por ser a cada quatro anos, é um dia quatro vezes mais aguardado do que qualquer outro”, comenta. “Antigamente eram festonas, mas vamos ficando mais velhos e preferimos as comemorações mais intimistas. Mas nunca passei em branco e nunca pretendo passar”, garante.

Bianca vive a mesma situação inusitada de outras milhares de pessoas: a de poder completar a nova idade no dia correto somente a cada quatro anos, por conta do ano bissexto, ou seja, quando fevereiro tem 29 dias. No caso dela, quando não tem este dia no calendário a opção é por festejar em 1º de março. “Também é meu aniversário na minha cabeça. Mas quando o ano é bissexto a ansiedade é alta, é muito legal ver a reação das pessoas nos parabéns”, conta.

De acordo com a Arpen-PR (Associação do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná), os cartórios de registro civil são obrigados a seguir a realidade. Se a criança veio ao mundo no dia 29, o registro de nascimento precisa ser confeccionado com esta data. Já para a festividade de aniversário não tem uma regra.

“A certidão deve estar de acordo com a DNV (Declaração de Nascido Vivo), documento expedido pela maternidade no momento do nascimento da criança e entregue aos pais. Nascidos em 29 de fevereiro podem celebrar no dia 28 de fevereiro ou 1º de março nos anos não bissextos”, detalha Cesar Augusto Machado de Mello, presidente da entidade.

Levantamento da associação mostra que desde do ano 2000, 123 londrinenses nasceram no dia 29 de fevereiro. Em 2020, por exemplo, último ano bissexto, foram registrados 22 nascimentos na cidade. Em 2016 foram 20 e em 2012 e 2008 foram 18 e 20, respectivamente. Os dados são da Central Nacional de Informações do Registro Civil, administrada pela Arpen-Brasil e que conta com os registros de todos os nascimentos em território nacional.

VOLTA AO SOL

A explicação para um mês do ano ter um dia a mais está na astronomia. “O nosso ano é o tempo que a Terra demora para dar uma volta ao redor do Sol, que é o movimento de translação que aprendemos desde a época da escola, que dura 365 dias. Mas na verdade ela anda 365 dias e 5 horas, 48 minutos e 46 segundos, o que é arredondado para seis horas a mais por ano para chegar no mesmo ponto. Somadas essas seis horas, a cada quatro anos, dão 24 horas, que é um dia”, pontua Miguel Fernando Moreno, coordenador do Gedal (Grupo de Estudo e Divulgação de Astronomia de Londrina).

O astrônomo amador destaca que se o calendário não absorvesse este dia extra, as consequências a longo prazo seriam grandes. “No Brasil, todo fim de ano temos o verão. Se não tem essa correção, daqui alguns séculos teríamos mudanças nos períodos das estações. Ou seja, em dezembro poderíamos ter frio ao invés de calor.”

HISTÓRIA

O ano bissexto foi introduzido no calendário Juliano pelo imperador romano Júlio César no século I a.C. No entanto, acontecia a cada três anos. A correção, para o jeito que é hoje só veio em 1582, após o papa Gregório criar o calendário gregoriano. A escolha por fevereiro ser o mês diferente dos demais, segundo narra a história, é mais pela vaidade dos líderes da época do que questões técnicas.

“Júlio César resolveu dar um dia a mais para o mês dele, que é julho; César Augusto, o imperador romano, quis um dia a mais no mês dele, que é agosto. Então, para não tirar de outros meses, acabou sobrando fevereiro e, por isso, a inclusão de um dia extra em fevereiro, por ter menos dias”, afirma Moreno.