Imagem ilustrativa da imagem Londrina foi 'atingida' por mais de nove mil raios em 2020
| Foto: Isaac Fontana/Framephoto/Folhapress

O Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) é especializado em estudar raio e registra a incidência desse fenômeno em todo o território brasileiro. Somente em Londrina, os pesquisadores apontam que 9.680 raios tocaram o solo ao longo deste ano. Em 2019, esse número foi mais expressivo, com 13.585 registros. Porém, em um recorte do mês de dezembro (até o dia 16), já foram 1.667 em 2020, um aumento de 117% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram computados 767 fenômenos dessa natureza.

“Estamos em dezembro com número bem acima do ano passado e a tendência é que isso se mantenha até março”, comenta Osmar Pinto Junior, coordenador do Elat/Inpe, ao explicar que a influência é meteorológica e também geográfica.

De acordo com o especialista, Londrina tem grande incidência de raios por estar no Norte do Estado, no entanto, destaca também a região Oeste. “Existe uma região ao norte da Argentina em que ocorrem tempestades mais duradouras, pelo encontro de massa fria do sul com a massa de ar da região amazônica. Elas se chocam favorecendo a formação de grandes tempestades e o Oeste do Paraná está mais próximo dessa região”, detalha.

Já se sabe que o Brasil é o campeão mundial em incidência de raios. A cada ano, o País registra 77,8 milhões e a explicação é justamente pelo fato de sermos o maior país da zona tropical do planeta, uma área central onde o clima é mais quente e, portanto, mais favorável à formação de tempestades e de raios.

MORTES

Sobre o incidente na residência em Londrina, Pinto Junior ressalta que as chances disso acontecer são relativamente pequenas, pois normalmente os raios atingem locais mais altos, como prédios e torres.

No Brasil, cerca de 110 pessoas morrem por ano ao serem atingidas por raios e aproximadamente 400 são feridas. “O Brasil é o sexto país em número de mortes por mundo e 80% delas ocorreram quando as pessoas estavam ao ar livre, durante uma tempestade. As pessoas não devem subestimar o risco de serem atingidas por um raio e devem se proteger o mais rápido possível. A recomendação é buscar imediatamente um abrigo dentro de uma residência ou em um carro fechado.”, afirma.

SEGURANÇA

Em casa, o especialista diz que a segurança é maior, mas ainda há riscos. “Em uma tempestade com raios, não encoste em objetos ligados à rede elétrica ou rede telefônica, como telefones com fio, chuveiro e geladeira porque as correntes de uma descarga elétrica se espalham pelo chão e geralmente atingem as pessoas pelas pernas”, orienta.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina foi 'atingida' por mais de nove mil raios em 2020
| Foto: Inpe/Elat/Divulgação

A pesquisa em raios no Brasil teve início em 1997 e dois anos depois ela chegou ao Paraná por meio do Simepar. Pinto Junior explica que o monitoramento é feito basicamente de duas formas: sensores colocados em superfícies em pontos estratégicos e registros feitos por satélite. “De 2017 para cá, temos um satélite geoestacionário, que mede os raios 24h por dia. São informações diferentes, porém, pilares e que nos permite ter uma cobertura maior no País inteiro”, pontua.