A dona de casa Maria Almerinda Silva ganhou uma companhia quase que inesperável nestes últimos dias: o guarda-chuva. Só que nem sempre o objeto tem sido usado, reflexo do chove e para no Norte do Estado, que já dura mais de duas semanas. “O tempo está confuso. Toda a hora dá uma garoa ou chove bastante. Chuva é bom, mas uns dois, três dias. Tanto tempo assim começa a atrapalhar até no dia a dia da casa. A roupa não seca”, relatou a moradora da zona oeste.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina fecha janeiro com chuvas dentro da média histórica
| Foto: Isaac Fontana/Framephoto/Folhapress

Londrina fechou janeiro com a quantidade de chuva levemente acima da média para o mês. Nos primeiros 31 dias do ano foram 231 milímetros. A média histórica é de 224. Entretanto, o volume de água que caiu dos céus foi bem superior ao mesmo período de 2020, quando foram apenas 116 milímetros. “O problema é que ficaram dez dias sem chuva e 20 chovendo”, apontou a agrometeorologista Heverly Moraes, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná.

Para a agricultura este longo período chuvoso acaba se tornando um vilão e prejudicando as lavouras. “Muito tempo nublado não seca a planta, favorece a incidência de pragas e doenças. A soja, por exemplo, está tendo muita praga, as hortaliças não desenvolvem bem por estarem sempre molhadas”, destacou.

Moraes explicou que três sistemas principais provocaram instabilidade na região. O primeiro foi a chuva que vem do Norte do Brasil, num corredor de umidade. Ainda tem a instabilidade da região de baixa pressão entre o Paraguai e a Argentina e, por último, as chuvas que vêm do Sul do País. “Todos os sistemas atuaram, principalmente o que vem da Amazônia, com entrada de frente fria, sistema de baixa pressão. A chuva que veio do Norte entrou no Paraná e bastante no Mato Grosso”, citou.

A temperatura em janeiro também ficou dentro da média, com máximas em torno de 25.5 e mínimas de 19.7. A média geral foi de 23.9. Para esta semana o termômetro deve variar entre 17ºC e 30ºC.

PARANÁ

Algumas regiões paranaenses terminaram o último mês com as chuvas bem acima da média histórica. Em Paranavaí, no Noroeste, foram 334 milímetros, enquanto que a média é de 179. “No Oeste, Sudoeste e Noroeste teve bastante ingresso de umidade da Amazônia, em especial nos últimos 15 dias, com chuvas quase que diárias e volumes expressivos. Litoral também foi acima da média. Tiveram municípios com 100 milímetros a mais que a média”, afirmou Samuel Brum, meteorologista do Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná).

O Simepar apontou que a precipitação acumulada em oito pontos diferentes do Estado foi de 2.748,6 milímetros. O índice é 151% superior ao mesmo período do ano passado.

TRÉGUA?

A previsão de chuva perdura para Londrina e região, pelo menos, nesta quinzena inicial de fevereiro. No entanto, deverá acontecer uma trégua rápida no fim de semana. “Deve chover o dia todo, com chuvisqueiros a qualquer hora do dia, até esta terça-feira (2). Na quarta (3) e quinta-feira (4) serão mais pancadas no final da tarde. No fim de semana o Sol deve predominar, mas domingo (7) tem previsão de chuva novamente”, projetou Heverly Moraes. “A atmosfera é dinâmica. A qualquer momento pode mudar (a previsão), ainda mais no verão”, alertou.

Samuel Brum ressaltou que fevereiro costuma ser menos chuvoso que janeiro, porém, com volume alto, assim como dezembro. “O indicativo para a semana que vem é que ocorram chuvas mais isoladas e não igual temos visto nestes últimos dias.”