Londrina começa a vacinar caminhoneiros, motoristas e moradores de rua
A estimativa de secretaria municipal de Saúde é vacinar, com dose única, cerca de três mil trabalhadores do transporte coletivo e rodoviário e 780 pessoas em situação de rua
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 02 de julho de 2021
A estimativa de secretaria municipal de Saúde é vacinar, com dose única, cerca de três mil trabalhadores do transporte coletivo e rodoviário e 780 pessoas em situação de rua
Micaela Orikasa - Grupo Folha
Em Londrina, os motoristas de transporte coletivo urbano e rodoviário, caminhoneiros e pessoas em situação de rua começaram a receber a dose única da vacina Janssen contra a Covid-19, nesta sexta-feira (2). A estimativa da secretaria municipal de Saúde é atender 780 pessoas em situação de rua e cerca de três mil trabalhadores do transporte e caminhoneiros, nesta primeira etapa de vacinação.
De acordo com o secretário da pasta, Felippe Machado, algumas pessoas em situação de rua já foram imunizadas dentro de grupos prioritários contemplados anteriormente, como o de idosos e de comorbidades. Pela manhã, cerca de 100 senhas foram distribuídas no Centro POP (Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua). Paralelamente, serão aplicadas vacinas nos locais de acolhimento e nos atendimentos dos consultórios de rua.
"O atendimento tem sido realizado de forma manual com coleta de dados e, eventualmente, documentos porque precisamos obrigatoriamente fazer esse registro individual junto ao sistema do Ministério da Saúde. Entretanto, é evidente que essas pessoas foram dispensadas da etapa prévia de cadastramento e da emissão de QR Code", explicou.
Yamamoto Alves Piltato, 62, foi o primeiro a ser vacinado no Centro POP. "A vacina é importante para todos e espero que todos tenham consciência disso. Me sinto bem, confiante", disse. Marcos Antônio Patrocínio, 46, também recebeu o imunizante. Ele está em situação de rua há três anos e conta que está com medo de contrair o coronavírus desde o início da pandemia. "Nas ruas, a gente fica muito em grupos, ainda mais agora no frio. Hoje eu me sinto um pouco mais confiante porque eu tenho muito medo de morrer dessa doença", comentou.
Thais Lorraine, 22, também foi vacinada. Ela vive nas ruas há cerca de nove meses pelo uso de drogas. Ela desabafa que além do medo de dormir nas calçadas há a insegurança de ficar doente pelo vírus. "Estou dentro do grupo de risco porque tenho crises de asma. Eu acho que nós deveríamos ter sido vacinados antes porque estamos em situação de rua, tendo contato com muitas pessoas e não temos como correr para o médico quando nos sentimos mal", afirmou.
De acordo com a secretária municipal de Assistência Social, Jacqueline Micali, ao longo da pandemia o município registrou a morte de um idoso morador de rua, em decorrência da Covid-19. "Hoje é um dia histórico, de alegria e de alívio. Desde o ano passado estamos fazendo uma operação muito grande para que não houvessem mortes. Montamos uma Casa Covid em janeiro deste ano para acolher as pessoas em situação de rua com suspeita ou sintomas leves da doença", disse.
A Casa Covid possui 15 vagas para casos suspeitos e positivados e foi instalada pela secretaria Assistência Social com o apoio da secretaria de Saúde. "A pessoa com suspeita vai para esse espaço e faz o teste. Se sair negativo, ela vai para o acolhimento e quem está positivado fica para isolamento. Quem tiver com sintomas que inspiram mais cuidados são encaminhados à UPA Sabará", explicou.
CAMINHONEIROS E MOTORISTAS
Outro grupo prioritário que está sendo vacinado hoje são os caminhoneiros e os trabalhadores do transporte coletivo urbano e rodoviário. Para esta sexta (2) foram confirmados 896 agendamentos no CCI Zona Norte e outros 297 cadastros já foram validados. “Foi muito acertada a decisão de direcionar essas vacinas de dose única para esses públicos. Em relação aos caminhoneiros é pela dinâmica do trabalho. Seria muito difícil a gente conseguir coincidir a segunda dose de acordo com as suas atividades. Em relação às pessoas em situação de rua, a mesma situação. Seria difícil encontrá-los na data certa para fazer a segunda dose”, ressaltou Machado.
Para atender os profissionais do transporte, a agenda no CCI está sendo reservada exclusivamente a este público, em dias da semana, a partir das 17h. "É uma proteção a mais com certeza, pois estamos no dia a dia com os ônibus lotados e medo a gente sempre tem", relatou Ronaldo Amaro de Souza, motorista de duas linhas de ônibus. Uma delas é a linha 106 - Guilherme Pires, que faz o trajeto do centro até o HU (Hospital Universitário).
Lucas Prado, 33, que trabalha com carregamento de containers de café recebeu o imunizante nesta manhã e revelou que não esperava ser vacinado neste momento. "Graças a Deus tudo se agilizou e chegou a nossa vez. Eu estava bem ansioso para me vacinar porque em março deste ano eu tive Covid e cheguei perto de ser entubado. Foi horrível. Até para falar eu sentia falta de ar", lembrou.
O motorista de transporte coletivo urbano, Paulo Adriano de Souza, 39, também foi vacinado hoje. "A gente sempre pedia prioridade porque temos contato diário com muita gente", disse, acrescentando que viu muitos colegas de profissão contraírem o vírus. "Alguns tiveram sintomas leves, mas outros ficaram bem mal. Eu sempre me mantive confiante com a chegada da vacina. Estou tranquilo", completou.
Ainda de acordo com Machado, os motoristas de aplicativos não entram nesse grupo prioritário. "O Governo Federal não definiu eles como prioridade, mas entendemos que é uma categoria relevante, que deveria ser contemplada. Já fizemos esse questionamento junto ao Plano Nacional de Imunização, mas ainda não obtivemos autorização para iniciarmos a vacinação deste grupo", explicou.
Com a imunização desta nova categoria, a expectativa dos 399 municípios paranaenses é avançar para a população em geral, sem a criação de novos grupos prioritários. "Isso facilita muito a logística e nos permite avançar de uma forma mais rápida, pois com grupos prioritários há uma série de regras a serem cumpridas", pontuou.
DOCUMENTAÇÃO
Os colaboradores das empresas Grande Londrina, Londrisul e Viação Garcia não precisam enviar os documentos, pois a Secretaria de Saúde firmou um acordo com a direção e os setores de recursos humanos dessas empresas para que elas encaminhem a relação dos funcionários diretamente para à pasta.
Já os caminhoneiros, que são os motoristas de transporte rodoviários de cargas, empregados, cooperados ou autônomos, devem entregar cópia de um dos seguintes documentos para análise: carteira de trabalho ou crachá funcional; contracheque com documento de identidade; carteira de sócio de cooperativa do transporte de carga (categoria de motorista); carteira de sócio dos sindicatos de transportes (categoria de motorista); comprovante de inscrição do RNTRC (Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas). O documento deverá estar acompanhado de cópia da carteira de habilitação (para motoristas, categorias C ou E).
A documentação deve ser acondicionada em um envelope lacrado e pode ser entregue em quatro pontos:
-Secretaria Municipais de Educação (Rua Mar Vermelho, 35, Jardim Cláudia)
-Secretaria Municipal de Saúde (Avenida Theodoro Victorelli, 103, Jardim Helena);
-Supercreche – CMEI Valéria Veronesi (Rua Benjamin Constant, 800, Centro);
-Escola Municipal Moacyr Teixeira (Rua Luiz Brugin, 775, Conjunto Maria Cecília);
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