Policiais do 11º Batalhão da Polícia Militar de Campo Mourão (Centro-Oeste) receberam uma visita diferente na madrugada de quinta-feira (24). Um lobo-guará – animal silvestre ameaçado de extinção - estava entre as viaturas da guarnição. Acuado pelos cães que vivem no pátio do batalhão, o animal se aproximou da área administrativa, onde acabou cercado pelos policiais que acionaram os órgãos ambientais.

Acionada pelo IAT (Instituto Água e Terra) e Polícia Ambiental, a equipe do Centro Veterinário Integrado, participou do resgate do animal que é o maior canídeo (mamíferos carnívoros que englobam lobo, cão e raposa) da América do Sul e pode chegar a 30 quilos.

Segundo o professor Rafael Pinheiro, anestesista do Centro Veterinário, após a captura o lobo-guará foi conduzido sem a necessidade de sedação. Após ingresso na clínica é que foi realizada uma contenção química com anestésico para avaliação, a fim de não correr nenhum risco do animal se machucar ou passar por estresse. O professor conta que o lobo-guará é um macho de 26 quilos, muito saudável, e uma espécie rara na região.

Como explica a coordenadora do curso de Medicina Veterinária do Integrado, professora Camila Mottin, o animal passou por exame de sangue, radiográfico, de fezes e urina. Apto para a soltura, foi encaminhado pelas equipes ambientais a uma área de reserva ambiental onde poderá seguir seu ciclo de vida em liberdade.

Segundo ela, foi o segundo animal silvestre que passou pelo Centro Veterinário em 2023. “Em março recebemos uma onça parda resgatada em Engenheiro Beltrão”, informa.

Imagem ilustrativa da imagem Lobo-guará é resgatado em Campo Mourão, passa por exames e é solto
| Foto: Larissa Ruas - Comunicação do Centro Universitário Integrado

COMO PROCEDER

Os especialistas do Centro Veterinário (que pertence ao Centro Universitário Integrado) orientam que em casos semelhantes – de encontro de animais silvestres em povoamentos rurais ou em área urbana - a população deve acionar a Polícia Ambiental e nunca jogar água ou pedra para afugentar o animal. Isso pode aumentar o estresse e o animal pode se tornar agressivo para se defender.

Imagem ilustrativa da imagem Lobo-guará é resgatado em Campo Mourão, passa por exames e é solto
| Foto: Divulgação IAT e PMPR

LOBO-GUARÁ

Dependendo da região, o lobo-guará também pode ser chamado guará, aguará, aguaraçu, lobo-de-crina, lobo-de-juba e lobo-vermelho. Ele é uma espécie de canídeo endêmico da América do Sul e suas marcas lembram as de uma raposa.

Mamífero, é um dos animais silvestres que constam na lista dos ameaçados de extinção no Brasil. Ao contrário de outras espécies de lobo que vivem em matilha, o lobo-guará é um animal de hábito solitário. Seu bioma é o Cerrado brasileiro. Vive em regiões abertas, como campos e matas de capoeira. Seu pelo é amarelo-alaranjado, com as patas e o focinho pretos. O pescoço é branco, assim como a ponta do rabo e dentro das orelhas compridas.

Considerado a maior espécie de canídeo das Américas, o lobo-guará não é agressivo. Ele é apenas curioso e, devido a drástica redução de seu habitat natural, pode se aproximar das povoações e áreas urbanas. (Com informações do Centro Veterinário Integrado)