Emerson Cervi
De Curitiba
O professor de linguística e teoria literária, Francisco Filipak, lança na próxima segunda-feira, 29, na Câmara Municipal de Curitiba o livro ‘‘Curitiba e suas variantes toponímicas’’. O trabalho é resultado de dois anos de pesquisas sobre o pluralismo na grafia do nome. Durante 133 anos, entre 1720 e 1853, era possível escrever Curiytyba, Curiytuba, Curituba, Coretyba, Coreytyba, Corityba e Curetyba. Antes disso, em 1654 ela se chamava Freguesia de Nossa Senhora da Luz e Senhor Bom Jesus dos Pinhais. Em 1630 ficou apenas Freguesia Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.
Filipak também pesquisou a origem dos étimos (partículas) dos nomes dessacralizados. ‘‘Meu interesse por esse tema começou em estudos sobre a dualidade do nome Corityba e Curityba, que vigorou de 1853 a 1919’’, conta. As pesquisas de Filipak foram baseadas em documentos oficiais da Câmara Municipal, da catedral de Curitiba, e do arquivo público do Estado. ‘‘Em alguns documentos oficiais do século XVIII é possível encontrar até mesmo duas formas de grafia na mesma página’’, conta.
A partir da primeira década do século 20, as dualidade começou a criar problemas. ‘‘Foi o resultado da bagunça institucionalizada’’, explica. Enquanto na província o nome mais usual era Curytiba, no Rio de Janeiro a cidade era mais conhecida por Corytiba. ‘‘Existiam muitos impasses e até cheques com a grafia Curytiba, não eram aceitos em bancos do Rio de Janeiro’’.
Em 1919, a Câmara Municipal, pela resolução 7, de 25 de julho, definiu que a grafia oficial do nome seria Curityba. Em 19 de dezembro do mesmo ano, o então presidente do Estado do Paraná, Affonso Alves de Camargo, assinou o decreto 1126, determinou que em todos os atos oficiais do Estado também fosse adotado o nome Curityba, acabando com Corityba. Só em 1943 é que o nome da capital paranaense passou a ser escrita com dois ‘‘is’’.
A pesquisa de Filipak aponta ainda as diferenças de significados entre as duas formas de escrita. Coré, significa porco do mato, em Guarani. Tiba, significa abundância. A junção dos dois étimos, Coretyba, resultava em região onde vivem muitos porcos do mato. No outro nome, Curi significa pinheiros e Tiba, abundância. Traduzindo do Guarani, Curityba é região onde há muitos pinheiros. ‘‘Os historiadores costumam dizer que Curitiba vem do Guarani, área com muitos pinheiros, e não falam sobre a importância dos catetos ou porcos do mato na etimologia do nome da cidade.’’