O tempo determina as horas, dias, semanas, anos, períodos e épocas. O tempo é o melhor remédio, diz o ditado. E é o tempo que vivemos nessa reta final de 2021, com Natal e Ano Novo, que promove reflexões importantes e nos convida a renovarmos nossa fé e esperança para enfrentar os desafios que a vida nos apresenta.

Desafios que não fazem da vida um peso, mas mostram que devemos valorizar o que ela oferece de melhor: estar perto das pessoas que amamos e aproveitar ao máximo os momentos felizes. Vivências que foram tolhidas durante a pandemia da Covid-19, mas que estão voltando a fazer parte do cotidiano da população graças à queda nos números relacionados à doença, resultado da vacinação, segundo as autoridades em saúde. Temos um final de ano muito diferente do que encontramos em 2020.

Neste Natal, a FOLHA conversou com líderes religiosos de diversas denominações presentes em Londrina. Na pluralidade das crenças uma mostra de que as diferenças se completam e ensinam. Em cada forma de viver e celebrar este tempo a mesma essência, baseada no amor, no respeito e na busca por ser uma pessoa melhor.

TEMPO DE ALIMENTO

"A palavra-chave para mim neste Natal é comida, mas também esperança. Por que comida? Vivemos ainda em tempo de pandemia, que nos trouxe muito desemprego, perdas de pessoas queridas, descuido com a vida por parte de quem deveria cuidar. Se perguntarmos para quaisquer pessoas se perderam alguém importante em suas vidas, com certeza vão dizer que sim.

Reverenda Lucia Dal Pont:  
Que neste Natal possamos aprender com o amor Divino que se dá em alimento, para que ninguém passe fome. Alimento gera vida, vida gera esperança de esperançar novas relações de amor, justiça, liberdade e dignidade."
Reverenda Lucia Dal Pont: Que neste Natal possamos aprender com o amor Divino que se dá em alimento, para que ninguém passe fome. Alimento gera vida, vida gera esperança de esperançar novas relações de amor, justiça, liberdade e dignidade." | Foto: Arquivo Pessoal

Muitas pessoas também perderam sua fonte de renda e sem renda não há como adquirir o alimento. Falta de alimento gera desespero, desespero, destrói relações e a vida, mas não podemos perder a esperança. Existem tantos grupos organizados esperançando vida para os que não têm mais esperança. Isso é Natal!

O Menino nascido das entranhas de Maria e acolhido na sensibilidade de José foi deitado em uma manjedoura. Manjedoura é uma palavra que perdeu o sentido em português. Vem de manjar, comer. É o cocho onde comem os animais. Deus se fez comida!

No século XVI, o famoso compositor romano Palestrina compôs um moteto sobre um texto litúrgico. “Ó grande mistério e sacramento admirável, que os animais tenham visto o Senhor nascido deitado na manjedoura! É bem-aventurada a Virgem, cujas vísceras mereceram transportar o Cristo Senhor. Louvemos o Senhor!”

Esta oração celebra o mistério sacramental de que o Senhor, ao nascer, foi colocado na posição de comida. Não nasceu e se revelou como comida apenas para os humanos: ele é assim visto pelos animais que o veem deitado em seu cocho. Que neste Natal possamos aprender com o amor Divino que se dá em alimento, para que ninguém passe fome. Alimento gera vida, vida gera esperança de esperançar novas relações de amor, justiça, liberdade e dignidade."

Reverenda Lucia Dal Pont, reitora da paróquia São Lucas (Igreja Episcopal Anglicana em Londrina)

TEMPO DE ESPERANÇA

"A palavra-chave para viermos esse tempo é esperança e por muitos motivos. O primeiro grande motivo para manifestarmos e vivermos essa esperança é o nascimento do Salvador. O Salvador que vem para nos libertar das escravidões do pecado e de tantas coisas que nos tiram a vida e a possibilidade de vivermos totalmente em Deus. Outro motivo importante é podermos enfrentar as realidades do mundo com um novo espírito e mentalidade. Não olhando no sentido de que já estamos perdidos ou nos perdendo. Mas com essa realidade do Natal podemos renovar nossa vida, dar passos e viver bem. Este é o desejo do nosso Senhor quando vem a nós no Natal.

Imagem ilustrativa da imagem Líderes religiosos de Londrina refletem sobre o tempo de Natal
| Foto: Guto Honjo/Divulgação

O tempo da pandemia pouco a pouco está cedendo, especialmente quando cada um vai de fato dar sua contribuição para que isso aconteça, por meio da vacina, do cuidado de si mesmo, da família e das pessoas que estão ao nosso redor. Assim que vencermos parte da pandemia e só assim poderemos tirar totalmente esse perigo da nossa vida e, certamente, com trabalho, dedicação, seriedade, respeito e consideração pela ciência, com muito respeito e consideração pelos cuidados que devemos ter no dia a dia.

Enquanto Igreja somos convidados à participação e a renovarmos a nossa fé. Porque o mistério da encarnação do nosso Senhor é tão profundo que atinge todas as dimensões da nossa vida, em que podemos crescer, melhorar, nos proclamarmos sempre filho desse Deus que veio a nós como um menino."

Dom Geremias Steinmetz, arcebispo da Arquidiocese de Londrina

TEMPO DE TRANSFORMAÇÃO

“E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lucas 2:7). Que cena comovente! O Senhor do Céu veio à Terra, nascido de uma virgem, mas não havia lugar para Ele! O primeiro lugar a abrigar o Senhor da Glória foi um dos locais mais imundos que há sobre a terra: um estábulo. Naturalmente isso não se deu por escolha, pois o asseio é um aspecto prático do cristianismo. Foi uma situação de emergência.

Pastor Caldeira: "Jesus deseja entrar em cada coração. Você deixará que Ele entre no seu?"
Pastor Caldeira: "Jesus deseja entrar em cada coração. Você deixará que Ele entre no seu?" | Foto: Arquivo Pessoal

Mas o fato de Jesus ter nascido num estábulo não alterou o que Ele era: "maravilhoso, conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da paz. Precisamos lembrar que assim como Jesus transformou o estábulo com a Sua presença, pode entrar no coração mais pecaminoso e obstinado e transformá-lo completamente.

Aquilo que os habitantes de Belém fizeram por ignorância é praticado por muitos hoje por completa falta de vontade. Muitos recusam providenciar um lugar para o Filho de Deus em suas vidas. Eles não oferecem um lugar em seus sentimentos, afeições, pensamentos, vidas, desejos, decisões, ações, nem em sua conduta diária. Assim se negam ao maior de todos os privilégios e incorrem na maior perda de suas vidas. Deixam de receber Aquele que pode satisfazê-los completamente.

Jesus deseja entrar em cada coração (Apo. 3:20). Você deixará que Ele entre no seu? Ou fará como o dono da hospedaria em Belém, que não tinha lugar para o Salvador? Roguemos que o Senhor da Glória condescenda em nascer no vil estábulo de nosso coração, transformando-o num magnífico palácio."

Pastor Nivaldo Caldeira, tesoureiro do Conselho de Pastores Evangélicos de Londrina

TEMPO DE EXPERIÊNCIAS E RESPEITO

"Que nos beneficiemos das experiências que passamos em 2021 em todos os níveis religiosos, sociais, culturais, econômicos, de saúde e de segurança para dar as boas-vindas ao ano de 2022 com felicidade e prosperidade. Esperamos que assim seja, se Deus quiser, porque aquele que está dirigindo este universo é o dono, Deus Único. Não são pessoas de diferentes afiliações e ideias. Deus criou o ser humano e o mandou viver nesse Planeta com segurança, ciência, amor e paz, com fraternidade e solidariedade. Recomendo que qualquer pessoa deva sentir sua humanidade e não pratique discriminação contra a mulher, pois a mulher é tua mãe. Evita também a discriminação contra pessoas de cor ou de raça, porque eles são seus irmãos, filhos de Adão.

Imagem ilustrativa da imagem Líderes religiosos de Londrina refletem sobre o tempo de Natal
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Que as pessoas valorizem a saúde. O profeta Mohamad, antes de 1.400 anos, disse: “tome remédio, pois não há doença que Deus tenha enviado, exceto a que tem um remédio, exceto a morte”. E disse também: “se uma epidemia se espalha numa cidade, enquanto você estiver nela, não saia dela, ou se você quer chegar a uma cidade, então descubra que há uma doença contagiosa disseminada nela, não entre nela e cancele sua viagem até a doença acabar”.

Devemos reforçar a fé em Deus porque Ele existe absoluto. Em nome de Deus, o Misericordioso, Jesus e Virgem Maria no Alcorão."

Sheikh Ahmed Saleh Mahairi, decano de pregadores islâmicos no Brasil

TEMPO DE RESILIÊNCIA

"Para nós, a palavra-chave para o final deste ano é a resiliência. Todos estamos passando por tempos difíceis por conta da Covid-19. Para todos que exercitam a fé, independentemente da sua bandeira religiosa, tivemos que reaprender a nos portar como uma sociedade mais prevenida. O controle da aglomeração nos fez entender o quanto somos importantes uns para os outros. Grande parte das coisas que temos em nossas vidas não são valorizadas até o momento em que perdemos.

Rafael Bchara: "Resiliência é o que nos faz capaz de recuperar algo e tornar tal experiência muito mais valiosa"
Rafael Bchara: "Resiliência é o que nos faz capaz de recuperar algo e tornar tal experiência muito mais valiosa" | Foto: Arquivo Pessoal

Hoje nossa sociedade vem conquistando a liberdade de se aproximar novamente, porém, com um olhar mais significativo sobre a proximidade de uns com os outros. Resiliência é o que nos faz capaz de recuperar algo e tornar tal experiência muito mais valiosa.

Na Umbanda acreditamos que os maiores aprendizados vêm depois das duras lições da vida. Sempre aprendendo com nossos erros e evoluindo como seres humanos e principalmente como espíritos encarnados."

Rafael Bchara, dirigente do Cantinho do Pai João

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