Os mais de 170 mil usuários diários do transporte coletivo em Londrina deverão continuar usando os mesmos ônibus nos próximos anos, mesmo após o fim do processo licitatório feito para remodelar a exploração do serviço no município. As únicas duas empresas que apresentaram propostas e foram qualificadas ontem junto à Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) são as que já operam o sistema há décadas: a Transporte Coletivo Grande Londrina (TCGL) e a Francovig. A estimativa é de que o contrato seja assinado dentro de 15 dias. Outras duas interessadas a TIL e a Viação Campo Grande (MS) desistiram do processo.
Os envelopes com as propostas das empresas participantes deveriam ser abertos ontem, mas o trabalho de conferência de documentos da proposta técnica se estendeu além do previsto e o resultado só será conhecido hoje pela manhã. O contrato vai vigorar por 15 anos (prorrogáveis por mais 15 anos) e tem caráter oneroso para que as empresas vencedoras realizem investimentos no sistema da ordem de R$ 8,5 milhões.
De acordo com a nova modelagem proposta, o sistema foi desmembrado em dois lotes. O lote 1, equivalente a 82% do sistema, abrange as regiões central, norte e oeste e, como já foi anunciado ontem, deverá continuar sendo explorado pela TCGL. O outro, que engloba os 18% restantes, atende as regiões leste e sul e deverá ser operado pela Francovig. Para o presidente da comissão de licitação e secretário municipal de Gestão Pública, Gláudio Renato de Lima, não houve prejuízo para o processo por causa da falta de disputa pelos lotes. ''O edital foi bastante técnico e evitou a participação de empresas-laranja que poderiam querer tentar fazer experiências com o transporte coletivo. O edital deixou claro o que tem que ser feito'', argumentou.
Falando apenas como parte interessada, o diretor-superintendente da TCGL, Paulo Bongiovanni, destacou a exigência do Município para que as empresas invistam na melhoria do sistema. Por outro lado, lembrou que o setor vive um momento de crise, com queda no número de passageiros. Ele apontou que a implantação do sistema de bilhetagem eletrônica pode introduzir ''facilidades'' que atraiam o usuário e resultem em revisão do preço da tarifa, que custa hoje R$ 1,60. Ele, que atua há 26 anos em Londrina, afirmou que o sistem eletrônico ainda não foi implantado na frota local por causa do seu alto custo.
Já a Francovig está em Londrina há 56 anos e seu presidente, Francisco Henrique Francovig, garantiu que a catraca eletrônica não deverá significar cortes de postos de trabalho. O empresário também lamentou a crise por que passa o setor e afirmou que a ausência de disputa pelos lotes ''mostra as dificuldades que existem neste ramo de atividade''.
Além da inovação, o contrato de concessão prevê a construção de terminais nas regiões leste e oeste. As empresas também deverão cobrir pelo menos 700 pontos e instalar 80 pontos de integração para facilitar o sistema de bilhetagem eletrônica.