A morte de Apollo, um cachorro de 12 anos, por leishmaniose na cidade de São Paulo, no início do ano acendeu alerta para os tutores de animais que moram em zonas urbanas. A doença, que embora tenha ficado conhecida por afetar apenas cães restritos à zona rural, mostra que os cuidados com os pets devem ser realizados em qualquer localidade, independentemente de onde vivem. De acordo com Marcio Barboza, médico-veterinário e gerente técnico pet da MSD Saúde Animal, é preciso apostar em medidas preventivas como o uso de coleiras antiparasitárias, que é um dos principais métodos para prevenção da doença.

A leishmaniose visceral é a segunda doença parasitária que mais mata pessoas no mundo. Trata-se de uma zoonose, causada pelo protozoário Leishmania infantum transmitido para animais e humanos principalmente através da picada de um flebótomo, que é um mosquito pequeno de hábito crepuscular e noturno. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a doença possui ampla distribuição mundial, sendo que 90% dos casos estão concentrados em 5 países, entre eles o Brasil.

PREVENÇÃO

O veterinário reforça que é muito importante que os tutores sejam informados sobre a prevenção, de acordo com as diretrizes de organizações importantes, como a Brasileish. “O método primário de prevenção da infecção por Leishmania infantum em cães é por meio do uso de inseticidas tópicos com propriedade repelente, como os produtos à base de piretróides sintéticos. Esse deve ser o principal cuidado do tutor com o pet”, explica Barboza.

Estudos de larga escala têm demonstrado a efetividade do uso de colares impregnados com inseticidas na prevenção e controle da leishmaniose visceral canina como medida de saúde pública no Brasil. No entanto, é importante estar atento na hora de escolher a coleira antiparasitária. Isso porque o tutor precisa entender se o produto que está utilizando tem, em sua formulação, componentes citados pelos especialistas no assunto e se a sua eficácia é comprovada.

Barboza alerta para o uso de coleiras antiparasitárias a base de deltametrina 4%, que é indicada para proteger os pets contra os vetores da leishmaniose. Cães a partir de 3 meses de idade já podem utilizar o produto e a recomendação é que sua troca seja feita a cada 4 meses.

Além disso, outras medidas preventivas são essenciais como a limpeza da casa, que deve estar livre de matéria orgânica, pois é onde o mosquito transmissor se prolifera; utilização de telas de proteção, principalmente no local em que o pet mais fica; evitar passear com o animal ao entardecer e à noite, quando o mosquito transmissor é mais ativo, e seguir sempre as orientações do médico-veterinário, que é o profissional que vai fornecer todas as informações e cuidados que o tutor precisa para preservar a saúde do cão e de toda a família.

COMO IDENTIFICAR

A leishmaniose visceral pode ocasionar diversas manifestações clínicas que a levam a ser confundida com outras doenças. Entre os sintomas estão febre, aumento dos linfonodos, baço e fígado, anemia, emagrecimento, alterações dermatológicas, perda de sangue pelo nariz, dentre outros. “Ao notar qualquer alteração em seu pet é importante levá-lo ao veterinário para que ele possa fazer o diagnóstico correto e orientar em relação aos cuidados’, alerta Barboza.

A doença não tem cura, mas o tratamento pode amenizar as manifestações clínicas possibilitando ao pet mais qualidade de vida, reduzindo também as chances de transmissão da enfermidade para outros animais e humanos.

Por isso, de acordo o veterinário Márcio Barboza, é muito importante alertar que a prevenção será sempre a melhor opção. “Prevenindo, evitamos que o animal passe por situações tristes e delicadas, além de outros desgastes emocionais e custos financeiros”, finaliza.