de Curitiba
Cães domésticos que vivem soltos no município de Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, seriam os responsáveis pela morte ‘misteriosa’ de 16 ovelhas e pelo ataque a outros 40 animais criados em chácaras próximas à cidade. Segundo o laudo divulgado ontem pelos biólogos do Zoológico de Curitiba e do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), feito com base na análise de pêlos encontrados próximos a ovelhas, os ataques partiram de cães que adquiriram características selvagens e que estavam em busca de comida.
Os exames foram realizados em seis amostras com nove tipos diferentes de pêlos, recolhidos durante a necrópsia dos animais atacados. Pela análise de fotografias dos cortes e pelo tipo de mordida deixada nas ovelhas, os técnicos descartam a possibilidade de os ataques terem sido feitos por felinos ou qualquer outro tipo de animal selvagem. No final do mês de abril, quando os ataques se intensificaram, houve suspeita de que as ovelhas poderiam estar sendo atacadas por seres extraterrestes ou por um animal de origem desconhecida, apelidado de ‘chupa-cabras’.
Kraw PenasSagazArmadilha foi montada para pegar o animal misterioso, sem resultados
As ovelhas analisadas pelos biólogos apresentavam o mesmo tipo de lesão no focinho e nas orelhas, que em alguns casos chegaram a ser arrancadas. Alguns animais também tiveram suas vísceras retiradas pelos cães. Segundo os biólogos, os cachorros teriam atacado também gansos e galinhas. ‘‘As ovelhas são tão frágeis que às vezes chegam a morrer do coração, por causa do susto’’, explica o biólogo do IAP, Mauro de Moura Britto. Ele discorda das descrições feita na época sobre as características do ferimentos, que segundo algumas pessoas não apresentariam marcas de sangue. ‘‘Isto foi um folclore criado em cima de um caso simples de ser explicado’’, diz Britto.
A secretária do Meio Ambiente de Campina Grande do Sul, Tosca Zanboni, afirma que o número de cães criados à solta no município é grande, principalmente na área rural. Apesar de não serem notificados, os ataques a animais, segundo a secretária, são frequentes. ‘‘A população dificilmente denuncia este tipo de ocorrência que, de uns tempos para cá, passou a ser comum’’, afirma.
Desde que os ataques foram denunciados, vários criadores de ovelhas instalaram armadilhas nas suas propriedades para tentar evitar a investida do animal misterioso. Na chácara 3 Recantos, onde 25 ovelhas foram atacadas e oito foram mortas, os proprietários chegaram a cercar o abrigo dos animais para evitar a aproximação das feras. Um armadilha, que usa um animal vivo como chamariz, também foi colocada ao lado do abrigo.
No dia 21 de junho, a secretaria pretende fazer uma vacinação anti-rábica em massa nos cães e gatos de Campina Grande do Sul e dos municípios vizinhos, para tentar ter controle sobre a população de animais da região.