Os dias dos garçons Valdemir Cândido Pereira, 44 anos, e Márcio Jesus Valcário, 35, são ocupados pelo trabalho. Quando não está servindo em festas, a dupla muda de ofício e põe a mão na massa. São responsáveis pela construção de mais dois cômodos na casa da família, no Conjunto Milton Gavetti (Zona Norte de Londrina). As áreas serão usadas para instalação de uma lanchonete, aposta para garantir uma renda extra no futuro.
Quem olha o bairro quase sem movimento pode surpreender-se com o investimento. Mas a explicação está ao alcance da vista. A casa é vizinha ao Lago Norte, que está em fase final de construção e promete mudar a vida das pessoas que moram nas proximidades.
Por isso, a entrega da área de lazer é aguardada com tanta expectativa. ''Estamos construindo a lanchonete visando o futuro. A família vai trabalhar aqui e vamos continuar encarando o trabalho nos bufês como um extra'', afirmou Pereira.
A expectativa dele é que o efeito da obra extrapole o lazer nas horas de folga e os ganhos financeiros com a nova lanchonete. Para ele, deve melhorar até a auto-estima dos moradores dos arredores. ''A prefeitura vai se ver obrigada a manter o local limpo e bem cuidado. E os moradores vão ficar mais exigentes e cobrar mais, já que será uma área de lazer muito boa e que vai merecer cuidados'', prevê.
A obra familiar está prevista para ficar pronta em menos de um mês, bem antes da entrega oficial do lago. A inauguração do empreendimento da administração municipal deve ocorrer em 90 dias. Isso se a chuva não atrapalhar, é claro.
Localizado entre a Avenida Curitiba e a Rua Professora Célia Gonçalves Dias, o Lago Norte consistirá num espelho de água de 35 mil metros quadrados para contemplação. Agora, estão sendo concluídos o desvio da rede de esgoto e a pavimentação entre os jardins Paraíso e Belleville. Em seguida, será feita a limpeza do fundo da área. Depois, é só fazer o enchimento com a água do Ribeirão Lindóia.
A manutenção da área, a exemplo do que ocorre com os lagos Igapó e Cabrinha, será responsabilidade da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). Para a Secretaria Municipal de Obras, a limpeza será mais fácil do que na Área Central.
''Toda a sujeira que é jogada nas ruas e nos bueiros vai parar nos lagos. Mas como no centro há mais construções, há mais sujeira. E na Zona Norte ainda tem a vantagem de ter mais áreas para infiltração da água, o que deve facilitar para manter a área mais limpa'', avalia o coordenador de obras da secretaria, Joaquim Wargha.
Mesmo com a obra ainda em andamento, os imóveis da área já estão valorizados. Wargha estima que as casas estejam custando até três vezes mais. Mas a possibilidade de um bom negócio não seduz quem tem raízes na região. Pioneiro do Milton Gavetti, o frentista aposentado Basílio Faversani, 78, elogia a construção, mas ignora a valorização do imóvel onde mora há mais de 20 anos. ''Pode ser que fique melhor. Mas já é um bairro bom para morar e não pretendo sair daqui'', frisa.