Justiça obriga Filadélfia a entregar documentos
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terça-feira, 02 de dezembro de 1997
Lúcio Horta Londrina
Dorico da SilvaContasEscrivão recebe documentos do Instituto Filadélfia de LondrinaO Instituto Filadélfia de Londrina terminou de entregar ontem, pela manhã, à Justiça, 120 caixas de documentos referentes aos 10 últimos anos contábeis da entidade. São livros, contas, listagens, balanços gerais e avaliações de cotas, entre outros. A entrega, que começou na sexta-feira, atende medida cautelar preventiva de exibição integral de livros e documentos requerida pelas Primeira Igreja Presbiteriana de Londrina, Igreja Metodista Central de Londrina, Primeira Igreja Batista de Londrina, Igrejas Presbiterianas da Vila Nova e Vila Judith, e Comunidade Evangélica Luterana de Londrina - todas acionistas minoritárias da Instituição, que mantém o Centro de Estudos Superiores de Londrina (Cesulon), Colégio Londrinense e Filadélfia Baby.
O despacho, assinado pelo juiz Sérgio Swiech, da 2ª Vara Cível, no dia 26 de novembro, previa uso de força policial caso a entidade se negasse a cumprir a decisão. Não foi por menos: em 29 de outubro o juiz já tinha concedido prazo de cinco dias para que os documentos exigidos fossem depositados em cartório.
O Instituto Filadélfia é hoje dirigido por Getúlio Nakano, ligado à Igreja Presbiteriana de Londrina e que detém a maioria acionária da empresa. As outras igrejas suspeitam, no entanto, que a atual direção tenha adulterado as cotas acionárias para garantir o controle da instituição. Além disso, apontam no processo diversas outras irregularidades, como gastos particulares com restaurantes, roupas e bebidas; transferências de recursos do Filadélfia para o Hospital Evangélico; pagamento do programa de TV Kairós, exibido pela rede CNT e apresentado pelo reverendo Osni Ferreira, líder da Igreja Presbiteriana e irmão do diretor financeiro do Filadélfia, Eleazar Ferreira.
Outro problema teria sido a aprovação das contas da entidade em 1996: na assembléia, apenas a Igreja Presbiteriana votou favoravelmente. As mesmas irregularidades apontadas pelas seis igrejas também motivaram outra ação, no começo do ano, para dissolver a sociedade, e que está em fase de instrução na justiça.
O advogado Ronaldo Neves, que defende a atual diretoria do Filadélfia, afirmou ontem que a decisão do juiz não foi cumprida anteriormente porque, pela sua interpretação, o cartório não é o lugar adequado para receber documentos. Para ele, o normal seria o juiz nomear um perito, que iria até a empresa levantar os questionamentos feitos pelas partes. Temos recurso (agravo de instrumento) no Tribunal de Justiça do Paraná para que essa documentação fosse preservada na sede, apontou.
A empresa em hipótese alguma vai criar algum tipo de embaraço para que as dúvidas sejam esclarecidas, afirma o advogado. Ele garante ainda que a documentação entregue na Justiça será suficiente para provar que a Igreja Presbiteriana tem uma maioria confortável nas ações do Filadélfia. Ele lembra que é comum gastos com restaurantes, principalmente quando um professor está fazendo algum curso de aperfeiçoamento fora da Cidade; ou quando um funcionário faz aniversário e o Instituto compra uma peça de roupa como presente.
Sobre transferências de recursos entre o Filadélfia e o Hospital Evangélico, ele observa que ambas as entidades pertencem ao mesmo grupo e que, por isso, também não há problema algum. Garante ainda que o Instituto não paga pelo programa de TV.

