Dorico da SilvaContasEscrivão recebe documentos do Instituto Filadélfia de LondrinaO Instituto Filadélfia de Londrina terminou de entregar ontem, pela manhã, à Justiça, 120 caixas de documentos referentes aos 10 últimos anos contábeis da entidade. São livros, contas, listagens, balanços gerais e avaliações de cotas, entre outros. A entrega, que começou na sexta-feira, atende medida cautelar preventiva de exibição integral de livros e documentos requerida pelas Primeira Igreja Presbiteriana de Londrina, Igreja Metodista Central de Londrina, Primeira Igreja Batista de Londrina, Igrejas Presbiterianas da Vila Nova e Vila Judith, e Comunidade Evangélica Luterana de Londrina - todas acionistas minoritárias da Instituição, que mantém o Centro de Estudos Superiores de Londrina (Cesulon), Colégio Londrinense e Filadélfia Baby.
O despacho, assinado pelo juiz Sérgio Swiech, da 2ª Vara Cível, no dia 26 de novembro, previa uso de força policial caso a entidade se negasse a cumprir a decisão. Não foi por menos: em 29 de outubro o juiz já tinha concedido prazo de cinco dias para que os documentos exigidos fossem depositados em cartório.
O Instituto Filadélfia é hoje dirigido por Getúlio Nakano, ligado à Igreja Presbiteriana de Londrina e que detém a maioria acionária da empresa. As outras igrejas suspeitam, no entanto, que a atual direção tenha adulterado as cotas acionárias para garantir o controle da instituição. Além disso, apontam no processo diversas outras irregularidades, como gastos particulares com restaurantes, roupas e bebidas; transferências de recursos do Filadélfia para o Hospital Evangélico; pagamento do programa de TV ‘‘Kairós’’, exibido pela rede CNT e apresentado pelo reverendo Osni Ferreira, líder da Igreja Presbiteriana e irmão do diretor financeiro do Filadélfia, Eleazar Ferreira.
Outro problema teria sido a aprovação das contas da entidade em 1996: na assembléia, apenas a Igreja Presbiteriana votou favoravelmente. As mesmas irregularidades apontadas pelas seis igrejas também motivaram outra ação, no começo do ano, para dissolver a sociedade, e que está em fase de instrução na justiça.
O advogado Ronaldo Neves, que defende a atual diretoria do Filadélfia, afirmou ontem que a decisão do juiz não foi cumprida anteriormente porque, pela sua interpretação, o cartório não é o lugar adequado para receber documentos. Para ele, o ‘‘normal’’ seria o juiz nomear um perito, que iria até a empresa levantar os questionamentos feitos pelas partes. ‘‘Temos recurso (agravo de instrumento) no Tribunal de Justiça do Paraná para que essa documentação fosse preservada na sede’’, apontou.
‘‘A empresa em hipótese alguma vai criar algum tipo de embaraço para que as dúvidas sejam esclarecidas’’, afirma o advogado. Ele garante ainda que a documentação entregue na Justiça será suficiente para provar que a Igreja Presbiteriana tem uma ‘‘maioria confortável’’ nas ações do Filadélfia. Ele lembra que é comum gastos com restaurantes, principalmente quando um professor está fazendo algum curso de aperfeiçoamento fora da Cidade; ou quando um funcionário faz aniversário e o Instituto compra uma peça de roupa como presente.
Sobre transferências de recursos entre o Filadélfia e o Hospital Evangélico, ele observa que ambas as entidades pertencem ao mesmo grupo e que, por isso, também não há problema algum. Garante ainda que o Instituto não paga pelo programa de TV.