Justiça marca interrogatório de freira
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 29 de junho de 2001
Denise Angelo De Ponta Grossa
A freira Anilse Terezinha Bianchini, 58 anos, presa desde domingo em Guarapuava, deve ser interrogada na 1ª Vara Criminal no próximo dia 10. O Ministério Público ofereceu denúncia contra a religiosa pela prática de intermediação de adoções irregulares, tortura, falsidade documental e coação de testemunhas.
A ação proposta pelo MP envolve ainda a merendeira da creche, Casturina de Lara da Silva; o casal Altevir e Judith Spuldaro, que recebeu uma criança; o casal Valdecir e Ana Neusa Pieretto, que adotou outro menor; e o casal José e Marlene Belo, acusado de dar declarações falsas para conseguir o registro de certidão das crianças. Eles também devem depor no mesmo dia.
Como a juíza titular da 1ª Vara estará em férias, o interrogatório deve ser presidido pela juíza substituta Flávia da Costa Viana Teixeira. O Ministério Público vai acompanhar, embora não possa participar fazendo questionamentos.
A promotoria conseguiu reunir provas de três adoções feitas ilegalmente e intermediadas pela freira. Mas segundo o promotor Cláudio Félix, existem outras 70 adoções que tiveram a participação da religiosa e, por isso, precisam ser investigadas. Como há muita gente envolvida, a investigação está espalhando medo, disse o promotor. Existe a suspeita
de que a freira possa ter enviado crianças para França e Itália.
Anilse Bianchini foi presa na noite de domingo e na segunda-feira sentiu-se mal. Por isso foi transferida para o Hospital Belém, onde permanece vigiada por um policial militar. O médico Edson Carlos Crema, que cuida da religiosa, disse que ela apresentou uma melhora clínica nos últimos dois dias, mas deve permanecer hospitalizada até segunda-feira. Anilse tem insuficiência venosa crônica e por isso a perna esquerda está muito inchada. Ela está recebendo medicação injetável.