Continua ainda hoje a greve dos funcionários do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que começou as 6 horas de ontem. Depois de mais de duas horas de reunião, as partes não chegaram a acordo na reunião realizada ontem no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Como trata-se de atividade essencial, ficou marcado para hoje o julgamento do dissídio, também no TRT, quando será decidida a legalidade ou não da greve.
O primeiro dia de paralisação começou com pequena adesão, já que a maioria preferiu aguardar o resultado das negociações no TRT. Enquanto os cerca de mil servidores celetistas da Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar) reivindicam reajuste salarial de 6,9% e 23,6% no vale alimentação, o diretor-geral do HC, Luiz Carlos Sobânia, insiste nas dificuldades financeiras do hospital, que inviabilizam qualquer aumento.
Apesar do presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Paraná (Sinditest), Antônio Néris, afirmar que a categoria estaria garantindo o atendimento, a greve prejudica alguns setores. O pronto-atendimento, os casos de emergência e realização de exames marcados estavam funcionando normalmente. Mas os pacientes com consultas para as especialidades de oftalmologia e otorrinolaringologia não conseguiram atendimento.
Foi este o caso do lavrador Celsino Fedderia, 60 anos, de Engenheiro Beltrão (noroeste do Estado), que tinha hora marcada para as 12h30. ‘‘Cheguei às 6 horas, mas eles já disseram que não vão atender por causa da greve’’, explicou. Com catarata e consulta marcada para as 9 horas, Onofre Borges Ramos, de Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, também não conseguiu atendimento. ‘‘Agora vou ter que ficar telefonando até conseguir outra hora’’, contava sua filha Lourdes, que perdeu um dia de trabalho para acompanhá-lo.
Ao todo, existem cerca de 1,5 mil funcionários celetistas da Funpar, sendo mil do HC e 500 da universidade. De acordo com Sobânia, o HC tem um déficit mensal de R$ 400 mil. De R$ 2,7 milhões mensais que o HC recebe pelo Sistema Único de Saúde (SUS), R$ 1 milhão é destinado ao pagamento do funcionalismo, segundo ele. Outros 2 mil funcionários do HC são estatutários e pagos pelo Ministério da Educação (MEC). Sobânia explica que se houvesse a possibilidade da realização de um concurso público, mais servidores seriam pagos através do MEC, desafogando os recursos do Ministério da Saúde.
O HC é o maior hospital público do Paraná e atende não só a pacientes do estado, como também de Santa Catarina e de Mato Grosso do Sul. Só pelo pronto-atendimento, passam uma média de 450 pessoas por dia.