Justiça fecha cerco a crime virtual
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terça-feira, 23 de julho de 2002
Katia Michelle<br> Equipe da Folha
Curitiba - O juiz Jorge de Oliveira Vargas, do Juizado Especial Criminal de Curitiba, determinou que o provedor BOL forneça os nomes de usuários acusados de praticar um crime de ameaça pela internet. O pedido foi feito há quase quatro meses, pela fotógrafa Cristiane Coutinho Guimarães, depois que ela passou a receber e-mails anônimos com conteúdos ameaçadores. De acordo com a fotógrafa, as mensagens eletrônicas foram enviadas dias depois dela ter pedido uma indenização contra o Estado por ter ficado presa irregularmente durante um ano, na Penitenciária Feminina do Paraná, em Curitiba.
Por esse motivo, Cristiane desconfia que o responsável pelas mensagens esteja ligado ao processo. ''Mas só vamos ter certeza depois que a BOL identificar os usuários'', disse. Para ela, a decisão judicial vai ser determinante para que isso aconteça. A determinação foi expedida na última sexta-feira e a BOL ainda tem 15 dias para responder. ''Depois que os usuários forem identificados, o juiz vai decidir se pede a prisão ou o tratamento psiquiátrico dos envolvidos'', disse Cristiane, orientada pelo advogado Elias Mattar Assad.
A fotógrafa lamenta como a vida dela e de sua família se transformaram depois das ameaças. ''Vivo com medo, não posso fazer trabalhos durante a noite e se meus filhos saem de casa e demoram para voltar, já fico apreensiva'', conta. O último e-mail que ela recebeu foi no dia 13 de junho. ''Chegamos a responder, mas não tivemos mais contato.''
As mensagens que originaram o pedido de quebra de sigilo dos usuários, no entanto, eram mais incisivas. Algumas delas diziam ''a partir de agora, tome cuidado com tudo o que você faz na vida, o que eu puder fazer para te destruir será feito e você vai se arrepender de ter nascido''. As mensagens também faziam alusão aos filhos de Cristiane. ''Sei todos os seus passos...tome cuidado... não só você, mas seus filhos também. Principalmente a sua filha loirinha que terei o prazer de ver e fazer sofrer.''
Depois de ter denunciado o caso, Cristiane não recebeu mais mensagens. ''Agora vou esperar a resposta da Bol, quero descobrir quem mandou os e-mails'', informou. As mensagens eram enviadas com os codinomes lucasvile e clauanda.
