Silvana Leão
De Londrina
O comerciante Antonio Marcos Mantovani, 28 anos, foi condenado por homicídio simples com dolo eventual pela morte da modelo londrinense Loanda Marlyn Milani, em março de 1994. Ele recebeu a pena mínima de seis anos de reclusão em regime semi-aberto, que deverá ser cumprida na Penitenciária Agrícola de Piraquara (região metropolitana de Curitiba). Mantovani foi a júri popular ontem, em Cornélio Procópio, município onde ocorreu o crime.
O julgamento, conduzido pelo juiz Marcelo Ferreira, começou às 13h30 e terminou às 20 horas. Por seis votos a um, os jurados foram favoráveis à tese da acusação, feita pelo promotor Manoel Estevão da Conceição Romualdo e pelo advogado Paulo Darci Cunha. Mantovani recebeu a sentença sem esboçar nenhuma reação e saiu do tribunal algemado.
Durante todo o julgamento o plenário permaneceu lotado. Entre os presentes estavam os pais de Loanda, Ernestina (Tina) e Dilberto Milani.Ernestina (Tina) e Dilberto Milani.Ernestina (Tina) e Dilberto Milani. Marcos Mantovani levou cerca de 30 minutos para fazer sua defesa pessoal, argumentando que o tiro que atingiu a cabeça da modelo (na época com 18 anos) foi acidental. O comerciante disse acreditar que a arma utilizada, uma espingarda Winchester semi-automática, calibre 22, era de brinquedo.
O crime aconteceu num domingo de manhã, depois de um churrasco organizado na véspera na casa de Nicola Bazan Filho. Além de Loanda, foram convidadas para a festa outras quatro modelos de Londrina, que acabaram tornando-se as principais testemunhas do crime.
Durante a acusação oral, o promotor Manoel Romualdo utilizou como um dos principais argumentos a própria arma do crime, pertencente a Bazan Filho. Com a espingarda nas mãos, o promotor mostrou seu funcionamento diante do tribunal do júri, ressaltando que, para um tiro chegar a ser disparado pela arma, ela deve ser carregada, manobrada e destravada. ‘‘É impossível que ele (Mantovani) tenha disparado sem querer’’, concluiu.
Em seguida falou o assistente de acusação, advogado Paulo Darci Cunha, tentando convencer o júri a qualificar o crime como homícidio doloso, que prevê uma pena que varia de 6 a 12 de anos de reclusão. ‘‘Como se trata de réu primário, porém, ele pode ficar no máximo um ano recolhido’’, lembrou. Durante intervalo, antes de ser iniciada a defesa do comerciante, Paulo Cunha admitiu que o caso estava mais favorável à defesa. ‘‘Todo o processo foi encaminhado para homicídio culposo’’, afirmou.
Já a mãe da modelo, Tina Milani, se mostrava confiante: ‘‘Estou acreditando muito no juiz e no promotor. Senti firmeza nas palavras deles.’’ Em reportagem publicada ontem pela Folha, Tina Milani disse acreditar que o assassinato da filha tinha sido encomendado por um ex-namorado da modelo. Ontem, porém, ela afirmou ter mudado de idéia. ‘‘Depois que soube que ele (Milani) ligou para o pai – com quem tinha brigado na véspera – pouco antes do crime e disse que ia se vingar matando uma das modelos, deixei de acreditar que haja outras pessoas envolvidas.’’
O advogado João Gonçalves de Oliveira usou mais de duas horas para fazer a defesa de Marcos Milani. Ele sustentou, durante todo o tempo, que o crime foi resultado de um acidente, e que portanto deveria ser julgado como homicídio culposo. Enquanto ouvia, o réu permaneceu na maior parte do tempo de cabeça baixa. A defesa ainda pode recorrer da sentença.Antonio Marcos Mantovani foi julgado ontem em Cornélio Procópio, onde em março de 1994 disparou contra a londrinense Loanda Marlyn Milani
Sérgio RanalliO CONDENADO Antonio Marcos Mantovani, durante o julgamento: regime semi-abertoSérgio RanalliA MÃE DA VÍTIMA Ernestina Milani, mãe da modelo londrinense Loanda Marlyn: expectativaSérgio RanalliPromotor Manoel Romualdo, com a espingarda nas mãos