Formar adolescentes que atuem como multiplicadores do trabalho de combate ao uso de drogas entre o público jovem. Esse é o principal objetivo do projeto Jovem Cidadão 2001, lançado ontem em Curitiba pela Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania. O projeto é coordenado pelo Conselho Estadual de Entorpecentes do Paraná (Conen) e, numa primeira etapa, envolverá 60 adolescentes curitibanos, com idade entre 13 e 17 anos. Durante dez dias, esses jovens participarão de palestras e outras atividades culturais, envolvendo temas relacionados à cidadania.
A presidente do Conen, Anita Zippin, explica que o trabalho é basicamente preventivo, já que são jovens em situação de risco. ‘‘A maioria desses adolescentes não é usuária, mas têm contato direto com o mundo das drogas’’, destacou. Segundo ela, o segundo ‘‘ciclo de estudos’’ acontecerá em abril, envolvendo jovens de Araucária, Região Metropolitana de Curitiba.
O artista de rua Carlos Roberto Teles (‘sombra’ das ruas de Curitiba há 11 anos), que se declara ex-drogado, coordena o projeto e foi quem selecionou os jovens. Para Xamequinho, como é conhecido, esses adolescentes são privilegiados porque estão tendo a chance que ele não teve. ‘‘Eu me sinto vitorioso porque consegui chegar antes dos traficantes’’.
Rodrigo Stanley, 17 anos, é um dos jovens que está participando da primeira turma do ‘‘Jovem Cidadão 2001’’. Ele mora no Pilarzinho e diz que é grande a oferta de drogas no bairro, principalmente de maconha e cocaína. Por isso, tem contato com muitos usuários. ‘‘Pretendo repassar o que aprender aqui para outras pessoas e ajudá-las a se livrar das drogas’’.
O Conen não tem ainda um levantamento do número de crianças e adolescentes que vivem nas ruas de Curitiba e região metropolitana. Segundo a assessoria da Secretaria Municipal da Criança, não há como ter um controle efetivo do número de crianças e adolescentes que estão na rua. Entretanto, informou que a secretaria recolhe uma média diária de 15 a 20 crianças, sendo que 80% são de municípios da região. Ainda segundo a assessoria, 39 mil crianças, atendidas pelos diversos programas da secretaria, são consideradas em situação de risco.