Internos de educandários voltaram ontem às aulas
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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000
Érika Wandembruck
Especial para a Folha
Para os 207 adolescentes internados nos educandários São Francisco, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, e Joana Richa, na capital, as aulas começaram ontem. Ao todo, são 184 meninos e 23 meninas, de 12 a 18 anos, que participam do Núcleo Avançado de Estudos Supletivos da Secretaria de Estado da Educação. Considerado referência pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), este projeto, que já existe há quatro anos, é o modelo da proposta de Educação Acelerada para Jovens Privados de Liberdade que está sendo elaborado pelo Unicef e deve ficar pronto no final do ano. Participam da nova proposta, além do Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
Aqui o novo projeto está avançado. A unidade implantou um cronograma de ensino que leva em conta o tempo que o menor permanece internado (de seis meses a três anos no máximo) e o grau de escolaridade que ele possui, explica a diretora do Educandário São Francisco, Rita Naumann. Como a maioria dos internos apresenta defasagem na idade e série a ser cursada, complementa, o método supletivo acelera o ensino. Ao final de cada ano letivo, comenta, os internos recebem um diploma de conclusão do curso da Secretaria da Educação.
Depois de ficarem um mês de férias, quando participaram de várias atividades esportivas, a rotina para os meninos do São Francisco começou cedo ontem. Eles acordaram às 7h15, organizaram seus quartos, tomaram café da manhã, e às 8h30 iniciaram as atividades. Quem estuda pela manhã faz oficinas e práticas esportivas à tarde, e vice-versa, diz Aloísio Pacheco, diretor do Instituto de Ação Social (Iasp), entidade ligada aos educandários.
Pacheco conta que as turmas são divididas em três alas, por idade, desenvolvimento físico e gravidade da infração. Cada turma tem no máximo dez alunos tanto nas salas de aulas, quanto nas oficinas profissionalizantes que oferecem certificado do Senac.
Para Pacheco, o baixo índice de reincidência ao crime (em torno de 15%) e os 14 meses sem ameaça de fuga no Educandário, são decorrentes do desenvolvimento das atividades diárias dos internos.