Internos da PCE tentam
mudar futuro estudando
Os internos da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, estão buscando a profissionalização e a continuidade dos estudos. Dos 1,5 mil detentos da unidade, 83,8% trabalham nos diversos canteiros de obra e 60,9% participam das salas de aula. ‘‘Os detentos estão aprendendo uma profissão e diminuindo a pena. Isto dá um estímulo para que eles continuem trabalhando’’, afirma Cinthia Maria Bernardelli Dias, diretora da unidade prisional.
O motorista Rui César de Oliveira Silva, de 41 anos, não sabia nem assinar o nome quando foi condenado há cumprir 29,4 anos de prisão. Até agora ele já cumpriu 20 anos e conseguiu terminar o ensino médio (antigo 2º grau), além de fazer os cursos de informática e redação. ‘‘Sonho em sair daqui e fazer curso superior. Gostaria de fazer psicologia’’, conta Silva, que foi condenado por latrocínio e assalto.
Apesar de ser cearense, ele recebe visitas regulares da mulher. ‘‘Achamos que já estou em condições de enfrentar a vida lá fora, voltar a trabalhar. Minha mulher sempre acreditou na minha reabilitação’’, diz. Silva afirma que apenas entrou na criminalidade porque era muito jovem e tinha desejo de aventura. ‘‘Faltava conhecimento. Acho que já paguei pelo que fiz e aprendi muito. Agora quero viver com minha família’’, alega.
O narrador esportivo Adão Marques, de 43 anos, é um dos únicos internos que já tinham ensino superior completo quando tiveram que cumprir pena. Ele é de Foz do Iguaçu e está no sistema penitenciário há 11 anos por receptação de carros roubados. Este ano, ele deverá deixar a unidade e já tem um emprego garantido numa emissora de rádio de Umuarama. ‘‘Minha filha me falou que querem que eu vá trabalhar lá. Estou muito motivado e quero voltar a ter uma vida normal’’, afirma. Pai de oito filhos, Marques administra na prisão uma associação de esporte. (leia mais na página 4)(L.P.)