O que surgiu como um gesto concreto de amor poderá beneficiar milhares de pessoas. O empresário Rômulo Martins Petruy e um sócio criaram um ventilador mecânico, que está em processo para certificação junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Da ideia à construção foi pouco mais de um mês de trabalho. “Estamos trabalhando até 18 horas por dia desde que iniciamos o projeto. É um sonho sem tamanho”, destacou.

Imagem ilustrativa da imagem Inspirado pela mulher, londrinense cria ventilador mecânico

De acordo com Petruy, ele estava junto com a esposa, Andrea Gasperi Petruy, no litoral paranaense, no final de março, quando o Estado e as cidades começaram a adotar medidas restritivas para prevenção e combate ao novo coronavírus. A mulher, que tem bronquite, o que a inclui no grupo de risco da Covid-19, chamou a atenção do marido sobre os perigos da pandemia.

“Ela é da área da saúde e disse que amigos afirmaram, na época, que se as pessoas soubessem a quantidade de ventiladores mecânicos que tinham em Londrina, não sairiam de casa. Vi o desespero no olhar dela. Pedi para ficar tranquila, porque se caso viesse a precisar, teria a máquina para ela”, contou.

Proprietário de uma empresa que fornece equipamentos para outros segmentos, ele o sócio, o engenheiro elétrico Tiago Abrão Lopes, pesquisaram sobre módulos respiratórios. Na sequência, buscaram se aprofundar na temática com profissionais da saúde e encontraram apoio de instituições, como o Hospital do Câncer de Londrina. Um fisioterapeuta acompanhou a montagem da máquina e todo o processo seguiu parâmetros científicos e de legislação.

NACIONALIZAÇÃO

Para se tornar uma alternativa, o projeto foi concebido com nacionalização de cerca de 85% das peças. “Fizemos isso para não ficarmos ‘amarrados’ em peças importadas e que antes tinham em abundância. Agora não mais por conta da pandemia, já que todos estão buscando”, explicou. A tecnologia é própria e foi desenvolvida em Londrina, o que classificou como um dos principais desafios. A estimativa é que possa custar até 50% a menos que máquinas importadas.

Agora, o ventilador mecânico com selo pé vermelho, que está na fase de acabamento, deverá ser testado nas próximas semanas no Hospital do Câncer. Antes, passará por dois laboratórios de bancada. “O governo federal está flexibilizando a homologação dos equipamentos. Precisamos do laudo de três instituições de saúde atestando o funcionamento. A intenção é não vender para terceiros, mas direto para os hospitais.”

PRODUÇÃO

A máquina recebeu o nome de AGP-2020, as iniciais do nome da esposa de Petruy. Além disso, a voz do equipamento, quando acionado, é da mulher. “O projeto iniciou pelo amor a minha esposa, mas vi que estava com algo bom na mão e que se não desse andamento seria um pecado. Se a cada equipamento dá para salvar duas vidas por mês, com mil ventiladores esse número de vidas salvas é muito maior”, ressaltou, garantindo possibilidade de produção em larga escala.

Concomitante aos ajustes no equipamento, o empresário tem buscando apoio junto ao poder público municipal e estadual. No Brasil, apenas três empresas produzem respiradores. Nenhuma delas no Paraná.