Maigue Gueths
De Curitiba
Representar o País em qualquer lugar do mundo, negociar em reuniões internacionais e ajudar a formular a política externa do Brasil são alguns atrativos da carreira de diplomata, que levam todo ano cerca de 2 mil profissionais liberais a participar do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata. A disputa é acirrada. Em 99 chegou a 127 candidatos por vaga. As inscrições para este ano estão abertas até 11 de fevereiro e as 24 vagas existentes já antecipam mais uma dura batalha para os candidatos.
A procura aumentou ainda mais depois de duas mudanças no concurso feitas pelo Itamaraty, que acabaram democratizando o acesso à profissão. O instituto acabou com a bolsa de R$ 800,00 paga aos concursados nos dois anos de curso, passando a pagar-lhes salário de R$ 3,8 mil. Com isso, pessoas que antes não tinham condições de se manter em Brasília podem fazer o curso agora. Também foi eliminada do concurso a prova de francês, língua falada por poucos.
O concurso é feito em cinco fases, todas eliminatórias, sendo que as duas primeiras são feitas em Curitiba e as restantes em Brasília. A primeira será no dia 18 de março, às 9 horas, com o teste de pré-seleção de conhecimentos gerais. A segunda fase, no dia 1º de abril, é o teste escrito de português e inglês. A maioria dos candidatos cai fora já na primeira etapa. Em todo Brasil, dos 2 mil inscritos, sobram apenas cerca de 120 para a segunda etapa. Em 99, por exemplo, de 150 candidatos inscritos no Paraná só dois foram aprovados no teste de conhecimentos gerais.
Marcos Dias de Oliveira foi um deles. Dentista, mestre em Saúde Pública e em Administração e atualmente trabalhando como Analista Organizacional no Banco Central, acabou reprovando na terceira fase, prova escrita de geografia. O tempo em que ficou em Brasília, preparando-se para a terceira fase, entretanto, acabou lhe mostrando ‘‘um lado não tão glamuroso da carreira’’, que é a hierarquia rígida, parecida com a militar e o perfil conservador da profissão.
Quem passa na segunda fase, recebe passagem de ida e volta e diárias para ficar em Brasília e fazer o restante dos testes no próprio Instituto Rio Branco, onde é ministrado o curso posteriormente. A terceira fase, marcada para 24 de maio, é de prova oral sobre questões internacionais contemporâneas e inglês; seguida por teste escrito sobre história, geografia, economia e direito. Finalmente, vem a quarta fase, de avaliação médica e psíquica, marcada para 30 de junho, sendo selecionados os 24 aprovados para a matrícula.