Máquina de cartão instalado em terminal: praticidade
Máquina de cartão instalado em terminal: praticidade | Foto: Gustavo Carneiro

A inovação em soluções para facilitar a vida do usuário do transporte coletivo e preservar o meio ambiente se tornou um imperativo diante do atual cenário causado pela pandemia.

Segundo a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina), a redução do número de passageiros transportados é hoje de 40% em comparação ao período pré-pandêmico.

Diante desse quadro, são necessárias ações para tornar o transporte coletivo cada vez mais atrativo. “Trata-se de uma equação difícil por conta da crise. No entanto, a inovação é fundamental para que o setor se modernize. O transporte coletivo tem que se inserir nesta nova realidade”, destaca Marcos Bicalho dos Santos, diretor administrativo e institucional da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos).

O diretor-geral da TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina), Rodrigo Aparecido de Oliveira, pontua que um app com roteirizações, horários e diversas outras funcionalidades já está em operação. Além disso, é ofertado wi-fi gratuito aos clientes dentro dos veículos.

“Utilizamos ônibus com os mais atuais requisitos de segurança, qualidade, conforto e cuidados com o meio ambiente. Estamos em busca por modernidade e tecnologia sempre, em conjunto com a cidade (órgão gestor e sistema)”, pontuou.

INOVAÇÕES

A Londrisul implantou, na semana passada, o sistema de pagamento por cartão de débito ou de crédito, em linhas que atendem a Gleba Palhano e condomínios da região sul. Essa alternativa pode ser utilizada desde que o cartão tenha a função aproximação, da mesma forma como acontece com o cartão de vale-transporte.

No momento, os terminais que aceitam a nova opção são Catuaí, Acapulco e Irerê. O cartão pode ser utilizado tanto no terminal quanto dentro do ônibus. Segundo a empresa, hoje até 27% do total dos pagamentos é feito em dinheiro – o restante é via cartão transporte.

O gerente-geral da companhia, Marildo Teixeira Lopes, estima que até o final da próxima semana a novidade contemple 100% da frota, composta por 119 veículos. “Além da questão da facilidade tem também a segurança, já que andar com dinheiro é sempre um risco”, justifica. Lopes acrescenta que outro sistema de pagamento está em estudo, via QR Code.

Outra mudança implementada neste ano foi a implantação de duas novas linhas, a 913, que sai da região da avenida Robert Koch, passa pelo HU, pelas avenidas Duque de Caxias e Bandeirantes, Gleba Palhano e termina no Catuaí. E a linha 907, que liga o Terminal Acapulco ao Terminal do Catuaí passando pela Gleba Palhano.

“Antes o passageiro tinha que sair do Acapulco até o Terminal Central e depois ir para a Gleba. Nesse novo itinerário ele economiza de 10 a 20 minutos”, compara. O gerente acredita que todas essas mudanças podem atrair mais passageiros para o transporte coletivo.

POLÍTICAS PÚBLICAS

A redução do número de passageiros transportados por ônibus em Londrina foi de  40% em comparação ao período pré-pandêmico
A redução do número de passageiros transportados por ônibus em Londrina foi de 40% em comparação ao período pré-pandêmico | Foto: Gustavo Carneiro

O diretor-geral da TCGL acrescenta que o setor de transporte de pessoas vive seu pior momento histórico no mundo, o que não é diferente em Londrina.

“Com as medidas restritivas em combate à Covid 19, os clientes transportados nos ônibus diminuíram. Somam-se a isso os sucessivos aumentos nos insumos do setor, como o combustível, o que gerou um sério descompasso entre receita e custo do sistema", diz Oliveira

Ele defende a criação de políticas públicas para manutenção dos serviços de transporte coletivo, como o custeio público, já que se trata de um serviço relevante e com cunho social.

“Quase 30% dos passageiros transportados são de forma gratuita (idosos, pessoas com necessidades especiais, entre outros), gente que depende exclusivamente do ônibus para se locomover. E a maioria não teria condições financeira de utilizar qualquer outro modal”, conclui.

READEQUAÇÃO

Por meio de nota, a CMTU declarou que, diante do atual cenário causado pela pandemia, que provocou a redução no número de passageiros transportados, o serviço de transporte público coletivo tem buscado se readequar para manter a sua operação.

“O desafio principal tem sido equacionar a diferença existente entre a oferta de viagens e a demanda de pessoas que utilizam o serviço, em especial nos horários de entrepico, aos finais de semana e feriados, períodos e dias em que há uma oferta maior do que o número de passageiros transportados.”

A companhia acrescenta que, além de adequar horários e itinerários, ações estratégicas estão sendo implantadas com o objetivo de manter os atuais usuários e conquistar novos.

Dentre as medidas, estão a contratação do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Londrina, a reconstrução dos Terminais Vivi Xavier e Milton Gavetti e a requalificação das faixas exclusivas para ônibus (já entregues: avenidas Tiradentes, Francisco Gabriel Arruda, Winston Churchill, Leste-Oeste – entre Jorge Casoni e Rio Branco).

A companhia cita ainda a contratação de projeto para reforma do Terminal Central; contratação de projeto para reconstrução dos Terminais Ouro Verde e Acapulco; operação de algumas linhas com veículos modernos, que trazem mais conforto e que são menos poluentes (wi-fi, ar-condicionado, poltronas com apoio, entre outros), além de estudo para ampliação das formas e meios de pagamento da tarifa (cartões de débito e crédito, entre outros).

Associação criou hub de inovação para soluções no transporte

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos lançou em 2019 o Hub de Inovação Coletivo, com o objetivo de estimular empreendedores e startups a pensarem soluções em mobilidade, no sentido de transformar o setor para conectá-lo ao mundo digital, tornando-o mais competitivo e atraente.

Um dos projetos que saiu do hub é o Areja Bus, um sistema de ventilação que renova o ar do ônibus por meio de dois exaustores localizados no teto e por venezianas encaixadas nas janelas. A tecnologia é independente da combustão do motor, o que minimiza o impacto ao meio ambiente e os custos de operação.

“Esse projeto, que se originou de uma empresa incubada, está na linha de produção de uma montadora”, detalha Marcos Bicalho dos Santos, diretor administrativo e institucional da associação.

Outro projeto que saiu do hub da associação e já está nas ruas foi implantado em Vitória (ES). Trata-se de um aplicativo pelo qual deficientes físicos podem solicitar o serviço de vans.

O diretor citou ainda outras iniciativas adotadas em outros municípios. Fortaleza (CE) e parte de Goiânia (GO), por exemplo, implantaram uma frota de vans com comodidades como ar-condicionado e wi-fi solicitada via aplicativo, de maneira que o sistema projeta o itinerário conforme o primeiro pedido.

Com relação a iniciativas sustentáveis, o diretor cita a capital paulista, de maneira que o contrato do transporte coletivo prevê a redução da emissão de gases poluentes e a mudança de matriz energética de maneira gradativa. “São vários degraus no decorrer dos 20 anos de contrato até chegar ao sistema 100% elétrico”, conclui.

Cidades como Campinas (SP) e Brasília (DF), por sua vez, estão desenvolvendo experiências-piloto do ônibus a bateria