Indignação e solidariedade
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 03 de agosto de 2012
Vítor Ogawa <br> <br> Reportagem Local
Várias faixas, apitos e uma causa em comum reuniram dezenas de familiares e amigos de vítimas fatais de acidentes de trânsito na tarde de ontem, em Londrina. Eles participaram de uma passeata na Avenida Duque de Caxias (Zona Sul), para exigir leis mais rigorosas contra condutores que dirigem embriagados. O ato foi organizado pela dona de casa Jackeline Mayra Rosa Lourenço, que perdeu o filho Renan, 19 anos, em acidente ocorrido em 2011.
A emoção permeou a manifestação. Nos olhos marejados de cada familiar, amigo ou namorada de vítimas era possível ver a indignação pela perda de um ente querido. Se em boletins de acidentes de trânsito as mortes são números frios, nos depoimentos deles a dor da ausência se cristalizava e tocava aqueles que acompanhavam o desabafo.
''Meu filho Nelson (com 29 anos) morreu em um acidente no Jardim Novo Bandeirantes, em Cambé, foi chamar o cunhado dele para um almoço de Dia das Mães. Ele estava de bicicleta quando foi atingido por um carro. As testemunhas falaram que o motorista estava embriagado, mas ele fugiu e nem sei quem é ele'', declarou, emocionada, a dona de casa Maria Sanchez Piga.
A agonia do dia do acidente também foi relembrada por outras pessoas. A supervisora administrativa Simone Ortiz relatou que há sete anos namorava Jean Paulo Remijo, 19 anos, e o aguardava no Colégio Vicente Rijo, no Centro de Londrina, quando recebeu a notícia de que ele e sua moto tinham sido atingidos por um carro na Rua Pernambuco. ''As pessoas precisam ter mais precaução no trânsito, pois além de arriscarem suas próprias vidas, estão colocando em risco a vida de pessoas inocentes'', reclamou.
Outro ponto bastante conhecido da cidade, em frente ao Pronto Atendimento Infantil, na Rua Benjamin Constant, foi cenário de outra morte. Há dez anos, Franklin Fabrão, então com 32 anos, conduzia a motocicleta da empresa em que trabalhava e foi atingido por um motorista que teria atravessado o sinal vermelho. A mãe de Franklin, Denir Fabrão, se uniu ao grupo por solidariedade aos familiares das vítimas. ''Eu sei a dor da perda de um filho'', disse com a voz embargada.
A manifestação atraiu também pessoas que já foram vítimas de acidente. É o caso do estudante de Administração Junior Moura, 27 anos. ''O motorista estava trafegando pela Avenida Maringá com um veículo preto, na contramão e com os faróis apagados. Eu poderia estar no lugar dessas pessoas que morreram'', afirmou.
A organizadora da passeata era uma das mais ativas durante a passeata, pedindo para que os participantes apitassem, gritassem e se movimentassem o tempo todo. Ela afirmou que o motorista que atingiu a moto do filho Renan estava embriagado. A primeira audiência sobre o acidente está marcado para hoje, no Fórum de Londrina, onde a passeata terminou.
Jackeline criticou a impunidade e sugeriu que os motoristas fossem obrigados a realizar o teste do bafômetro. ''Imaginem o carro e a bebida como uma arma. E não é só a bebida, mas também a falta de atenção, o motorista falando ao celular. Tudo isto está destruindo as famílias'', alertou. Ela pediu aos familiares das vítimas que não fiquem parados esperando a Justiça acontecer e se mobilizem para conscientizar as pessoas.
A organizadora da passeata afirmou que qualquer cidadão pode aderir à causa pelo site ''naofoiacidente.org'', no qual consta um manifesto que pede modificações na lei. Para que ele se torne um projeto de iniciativa popular são necessários 1,2 milhão de votos para ir a plenário no Congresso Nacional.
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