Santa Mariana - Nos olhares e semblantes, o reflexo da tristeza após o cenário que já deu tantas alegrias e ensinamentos ser reduzido a escombros. Uma das instituições mais tradicionais do Paraná, o colégio agrícola estadual Fernando Costa, em Santa Mariana, no Norte Pioneiro do Paraná, teve parte da estrutura destruída após um incêndio de grandes proporções. “Quando vi as primeiras imagens foi difícil acreditar que realmente era no nosso colégio”, disse uma funcionária, emocionada.

O fogo teria começado na ala de internato feminina por volta das 19h30 de quinta-feira (9) e se espalhou rapidamente, atingindo algumas salas de aula, cozinha, refeitório, almoxarifado, laboratório, salão nobre e espaço para filmes. Cerca de 70 pessoas, entre estudantes, funcionários e professores, estavam no local no momento das chamas, inclusive em aula. O prédio foi evacuado rapidamente e ninguém se feriu.

Cozinha foi um dos setores atingidos pelas chamas
Cozinha foi um dos setores atingidos pelas chamas | Foto: Pedro Marconi

Mesmo com o trabalho do Corpo de Bombeiros, praticamente nada pôde ser salvo dos setores atingidos. Uma das suspeitas é de que um curto-circuito tenha provocado o fogo, o que será comprovado ou descartado após perícia. "Primeiro foi acionada a unidade de Bandeirantes e, posteriormente, de Cornélio Procópio. Foram utilizados caminhões pipa do município. Pelo menos 40 mil litros de água foram utilizados”, explicou o tenente Matheus Oliveira, dos Bombeiros.

Bombeiros voltaram à instituição na manhã de sexta para combater novos focos do incêndio
Bombeiros voltaram à instituição na manhã de sexta para combater novos focos do incêndio | Foto: Pedro Marconi

AULAS SUSPENSAS

Na manhã desta sexta-feira (10), ainda era possível observar alguns focos de incêndio, o que fez o Corpo de Bombeiros retornar ao colégio para mais um rescaldo. A direção da instituição também se reuniu com chefia do Núcleo Regional de Educação de Cornélio Procópio e representantes do Governo do Estado. Por enquanto, as aulas estão suspensas. Ainda na noite de quinta, os alunos que dormem na unidade foram levados para o Colégio Estadual Machado de Assis, na cidade.

Cientes do que aconteceu, muitos estudantes foram ao colégio para ver como tudo ficou e se assustaram. "É triste chegar e encontrar tudo destruído. É daqui que alcançamos nossos objetivos para conquistar nossos sonhos", lamentou Ramon Braiano, matriculado no 1° ano. A esperança é que a recuperação comece rápido. "Já me coloquei à disposição para ajudar no que for preciso. Somos uma família aqui e nessa hora todos precisam ajudar", afirmou Kauan da Silva Lalau, aluno do 2° ano.

Entrada do pavilhão: escombros e prejuízo
Entrada do pavilhão: escombros e prejuízo | Foto: Pedro Marconi

FORÇA-TAREFA

Segundo a Seed (Secretaria de Estado da Educação), uma força-tarefa foi montada para atender a comunidade escolar e calcular os estragos. "Alguns estudantes serão encaminhados para escolas próximas e outros vamos fazer atendimento de forma remota. O Paraná tem expertise nesse formato, os professores conseguem fazer este trabalho”, destacou Roni Dias, secretário estadual de Educação, que deverá estar no município neste fim de semana.

REFORMA RECENTE

O colégio tem cerca de 300 alunos em cursos de técnico agrícola e agropecuário. Aproximadamente 65 jovens moram no local, em sistema de internato. A grande maioria é de outras localidades do Estado e até mesmo de estados distantes. O alojamento feminino foi ativado no ano passado e as aulas do ano letivo de 2023 retomadas na última segunda-feira (6).

"Tínhamos como propósito dar igualdade para meninas. Abrimos o internato para elas e atendemos na primeira etapa 16 meninas. Neste ano abrimos para mais 18. Reformamos banheiros, revisamos parte elétrica", contou o diretor-geral, Ilton Wagner Alves.

A unidade tem 68 anos de história e o caso abalou o município de 11 mil habitantes. "Sou natural de Santa Mariana, mas atualmente moro em São Paulo. Estou passando alguns dias aqui e vim ver a situação do colégio após receber fotos e vídeos. Dá dó, porque é um colégio muito importante para a cidade, que já formou muitos jovens. É lamentável", comentou o mecânico aposentado Antônio da Silva.

Em nota, a APP-Sindicato se solidarizou com estudantes, educadores e o conjunto da comunidade escolar.

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