Após cerca de dez anos de abandono, o terreno onde funcionava a Casa da Mulher em Londrina, enfim, deverá ter uma destinação. A área, que tem quase quatro mil metros quadrados e fica na rua Mário Bonalume, zona leste, foi reservada para a secretaria municipal de Educação, que pretende fazer do lugar uma creche. “Considerando nova avaliação do imóvel em questão, bem como a crescente expansão geográfica e consequente aumento da demanda escolar da região”, justificou a pasta ao pedir o espaço, que é de propriedade do município.

A FOLHA procurou a secretária municipal de Educação por duas vezes para comentar o assunto, no entanto, não obteve nenhuma resposta. Já o Núcleo de Comunicação da prefeitura confirmou a informação apurada pela reportagem e destacou que o “atual prédio será reformado e ampliado” e que as intervenções estão em fase de projeto. “Só deve começar a obra no segundo semestre, para (a creche) ser aberta no início do próximo ano”, pontuou.

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Ainda não existe o número de vagas que serão disponibilizadas, segundo o município. Se não houver mudanças, o lugar deverá ser um CEI (Centro de Educação Infantil), ou seja, sob os cuidados de uma entidade filantrópica. Hoje são 58 unidades deste tipo na cidade. O prédio foi incluído na última semana num contrato que a prefeitura já tem com uma empresa terceirizada para a realização de melhorias e reparos.

INSEGURANÇA

Para os moradores da região onde fica o imóvel, no jardim do Leste, a notícia que deverá receber intervenções foi recebida com alívio. “É um local que só dá dor de cabeça para os vizinhos. Usuários de drogas entram aí, já tiveram casas furtadas e os ladrões saíram desse lugar. É um bairro tranquilo, mas que tem esse problema que desvaloriza nossas moradias e traz insegurança”, relatou uma mulher, que preferiu não ser identificada.

O terreno possui duas casas, que estão completamente vandalizadas. Praticamente todos os cômodos têm pichações, fora a sujeira. Uma das residências virou abrigo também para urubus. “A prefeitura coloca tapume, mas não adianta, invadem do mesmo jeito. Como é murado, não sabemos quem está aí dentro. A dificuldade maior é durante a noite”, comentou outro morador. Em frente fica uma praça, na quadra de cima a avenida São João e a 800 metros a escola municipal Maestro Roberto Pereira Panico.

A notícia de que o terreno terá uma destinação foi recebida com alívio pelos moradores, que reclamam da insegurança com o abandono
A notícia de que o terreno terá uma destinação foi recebida com alívio pelos moradores, que reclamam da insegurança com o abandono | Foto: Pedro Marconi

HISTÓRICO

As casas que ficam na área deteriorada foram construídas nas décadas de 1950 e 1960, sendo consideradas históricas. Nesta época, uma família de origem japonesa vivia nas residências, quanto o entorno ainda era rural. “São casas representativas das antigas sedes das propriedades cafeeiras de Londrina, e, portanto, sua importância extrapola a do próprio imóvel, mas se amplia por ser exemplo de ocupação da época”, indicou levantamento feito pelo Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina).

Entretanto, os imóveis não estão inventariados e nem tombados pelo Patrimônio Histórico.