Há cerca de dois meses, um novo público foi integrado ao programa Economia Solidária em Londrina. A partir da parceria firmada entre município e Cáritas Arquidiocesana, os imigrantes, refugiados e apátridas também estão tendo oportunidade de desenvolver suas habilidades e poder ganhar a vida a partir delas. Desde o início do vínculo, 13 pessoas que vieram de outros países foram encaminhadas para a sensibilização, que é a etapa de formação.

O venezuelano Juan Carlos Aranguren Muñoz e dois amigos se juntaram para fazer comida vegana, vegetariana e cookies: expectativa positiva
O venezuelano Juan Carlos Aranguren Muñoz e dois amigos se juntaram para fazer comida vegana, vegetariana e cookies: expectativa positiva | Foto: Emerson Dias - N.Com

Destes, três já estão inseridos no processo da inclusão produtiva e rentabilizando seus produtos. São três venezuelanos, que formaram um grupo que comercializa alimentos, como pães e bolos. Os demais seguem na fase formativa. “Quando falamos de inclusão produtiva, estamos falando da busca de geração de trabalho e renda de maneira mais estável e digna”, destacou Deusa Favero, gerente da Cáritas Arquidiocesana.

O empreendimento foi denominado de Moinho Girassol e os produtos estão à disposição na Casa Café e Arte e no Centro de Economia Solidária. Juan Carlos Aranguren Muñoz veio para o Brasil em 2017 para sair da vida precária que enfrentava na Venezuela e faz parte do grupo recém-formado. “Não temos planos de voltar para a Venezuela. Como estou desempregado, minha amiga me convidou para me unir ao grupo dela. Estamos fazendo comida vegana, vegetariana e alguns cookies para vendermos, com as expectativas positivas”, valorizou, em entrevista ao Núcleo de Comunicação da prefeitura.

Segundo Deusa Favero, a pandemia de coronavírus não trouxe problemas diferentes neste contexto, mas expôs as vulnerabilidades que já existiam, inclusive a dos imigrantes. Nesta sexta-feira (25) é celebrado o dia do imigrante. “Atendemos todas as populações (no programa) e poder trazer essa população foi positivo, porque são pessoas que também precisam de emprego, estão sofrendo com a pandemia e vêm dos países fugindo de situações de fome, conflitos, buscando outras condições”, elencou.

A Cáritas em Londrina trabalha, atualmente, com três grandes áreas: serviço de proteção ao idoso, deficiente e criança em situação de vulnerabilidade; imigração e refúgio; e a inclusão produtiva. Ao todo, a Economia Solidária conta com 42 empreendimentos, voltados para as mais diversas áreas, envolvendo 127 pessoas. “Existe a política da economia solidária, que há bastante tempo trabalha para dar autonomia as pessoas, e com o advento da pandemia essa necessidade se tornou ainda maior. Entendemos que no lugar da economia existe o processo de transformação social e dignidade da vida.”

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24 NACIONALIDADES

No ano passado, a entidade acolheu imigrantes de 24 nacionalidades. Com o atendimento presencial suspenso na sede, na região sul, em razão da pandemia, os contatos estão acontecendo via redes sociais. Por dia são aproximadamente 150 atendimentos, que vão de agendamento junto à PF (Polícia Federal) para validação da documentação e pedidos por móveis e comida. A maioria das pessoas que deixam seus países de origem para tentar recomeçar a vida no Brasil, especialmente no Norte do Paraná, tem sido da Venezuela, Paraguai, Argentina e Peru.

Para Deusa Favero, quem recebe estes povos não pode perder a sensibilidade, já que todos somos, de alguma forma, migrantes. “Abrir o olhar ao diálogo, a quem bate a nossa porta. Hoje temos a inclusão produtiva, que é para todos - situação de rua, idosos -, porque o estar desempregado não é apenas não ter o que comer, mas não ter o gás, dinheiro para pagar a luz e a água. A sensibilização precisa ser maior das pessoas, para enxergar o Cristo no outro”, refletiu.

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