Foram vacinados idosos e funcionários da entidade
Foram vacinados idosos e funcionários da entidade | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Ibiporã - Bastaram as enfermeiras da secretaria municipal de Saúde de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) passarem pelo portão para as palmas ecoarem no Lar Padre Leone Gervasoni, nesta quarta-feira (20). Reunidos no pátio, idosos e funcionários vislumbraram a luz no meio de uma escuridão instalada em todo mundo pela pandemia de coronavírus. Dentro das caixas térmicas, doses da CoronaVac, vacina contra a doença, produzida pelo instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac.

Os idosos fazem parte do grupo prioritário de vacinação, definido no Plano Nacional de Imunização. As pessoas da terceira idade são consideradas grupo de risco, sendo a maioria das mortes ocasionadas pela Covid-19. No Paraná, os óbitos de moradores com 60 ou mais representam cerca de 43% do total registrado no Estado ao longo dos últimos dez meses. Das 536 doses recebidas por Ibiporã nesta primeira remessa, mais de cem foram para a instituição de longa permanência da cidade.

Com isolamento reforçado desde o início da pandemia, os moradores da entidade aguardavam com ansiedade e entusiasmo o momento em que poderiam ser imunizados. “Fico contente de termos a vacina. Estava na expectativa. Tenho problema de coração, enfisema pulmonar. Já era para ter morrido e estou aqui. Tomando a vacina espero que não aconteça nada, porque estava preocupado sem ela”, relatou Cícero Martins dos Santos, 73.

Imagem ilustrativa da imagem Idosos que vivem em asilo de Ibiporã são vacinados contra a Covid-19
| Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Aos 89 anos e com uma memória rica em lembranças, Pedrina Barbosa recordou da época da Segunda Guerra Mundial, quando era criança. “Era um período em que víamos o inimigo. O coronavírus é um inimigo que não vemos”, alertou. “Importante que em meio a tudo isso a maioria das pessoas obedeceu a medicina. Tem que continuar se cuidando, se não a ‘coisa pega”, pediu.

Cheia de vida e esperança, a idosa disse que a população tem sido resistente nesta “guerra”. “Precisamos de coragem e esperança para vencer. O sentimento é de uma guerreira, que está lutando até o fim para continuar vivendo neste mundo.”

MEDIDAS

Oitenta e oito mulheres e homens que vivem no lar receberam a vacina, além de todos os funcionários e alguns membros voluntários da diretoria. Segundo irmã Angela Maria da Rosa, religiosa da congregação Servas da Caridade e responsável técnica pela área de enfermagem do asilo, diversas medidas de prevenção e combate ao vírus foram instituídas, como a suspensão das visitas. A entidade é administrada pelas religiosas e a Sociedade São Vicente de Paulo.

“Fizemos área de isolamento para os idosos com casos suspeitos ou confirmados, adotamos diversos cuidados internos, uso de equipamentos de proteção individual, distanciamento, álcool. Tivemos trabalho redobrado e sempre vivendo na insegurança. Funcionário suspeito foi sendo afastado, a reposição precisou e deve ser rigorosa, muitas vezes faltaram funcionários”, afirmou. Desde o ano passado cinco idosos positivaram para a doença - quatro assintomáticos e um com sintomas leves – e quatro trabalhadores.

SOPRO DE VIDA

A Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) projeta a segunda dose da vacina para daqui duas semanas. Mesmo com a projeção da imunização completa em breve, a reflexão é para continuidade das ações de segurança. “A vacina é como se o coração abrisse para um sopro de vida. Todos nossos idosos têm comorbidades. Ela vai possibilitar trabalhar com mais leveza. Diariamente rezemos durante a manhã pedindo a proteção divina e todo fim de tarde agradecemos por estarem bem”, destacou a religiosa.

De acordo com os estudos divulgados, a CoronaVac tem 50,38% de eficácia global, 78% em casos leves da doença e 100% contra situações graves. A vacinação em Ibiporã começou na tarde de terça-feira (19) pelos profissionais da área de saúde. Serão vacinados cerca de 380 servidores.

LONDRINA

A campanha de vacinação contra o coronavírus em instituições de longa permanência de Londrina começou na tarde desta quarta-feira. Foram destinadas para estas entidades cerca de 740 doses. A Secretaria Municipal de Saúde informou que a cobertura, com esta primeira remessa enviada pelo Ministério da Saúde, vai abranger todos os lares públicos e privados da cidade.