Exatamente 5.037 pedras, variando de menos de um milímetro a dois centímetros de diâmetro, transformaram em celebridade no município de Santa do Itararé (120 quilômetros ao sul de Jacarezinho) a aposentada Maria Aparecida Miolo, 81 anos, quatro filhos, seis netos e uma bisneta. Os cálculos foram retirados de sua vesícula e a quantidade surpreendeu a equipe médica responsável pela cirurgia, em Santo Antônio da Platina. A paciente voltou à cidade anteontem para tirar os pontos da operação, feita no último dia 20.

Maria Aparecida disse que as pessoas só acreditam no que aconteceu quando vêem as pedras. Ela contou que sua casa ficou movimentada, a cirurgia foi anunciado pela emissora de rádio de Santa do Itararé, vários moradores estão indo visitá-la e aproveitam para conferir o número de cálculos extraídos de sua vesícula. Segundo a família, está tudo protegido como um troféu em uma embalagem de maionese, para comprovar o feito.

A paciente informou que também ficou surpresa com as mais de 5 mil pedras. Ela relatou que na mesma semana em que sofreu a crise de vesícula foi examinada pelos médicos e, em seguida, operada. Na cirurgia e no pós-operatório Maria Aparecida garantiu que não sentiu dores. ''Estou bem. Não senti dor hora nenhuma. Acho que é porque sou mulher. Os homens são mais patifes'',afirmou, cheia de humor.

A professora Dirce Miolo de Oliveira, filha da aposentada, disse que só acreditou no resultado da cirurgia quando viu. Ela comentou que a notícia se espalhou muito rapidamente e que várias pessoas foram visitar sua mãe. ''Muitas queriam o seu restabelecimento, mas outras estavam curiosas'', declarou. A filha informou que há alguns anos também retirou a vesícula por causa das pedras, mas foram encontradas somente nove.

O cirurgião Luciano Dias de Oliveira Reis, responsável pela operação, afirmou que a vesícula de Maria Aparecida apresentava dimensão quatros vezes maior do que o normal. Ele explicou que localizar pedras na vesícula é comum, mas assegurou que o número registrado é muito acima da média. De acordo com o médico, as pedras - ricas em colesterol - se acumularam durante toda a vida da paciente. Segundo os membros da equipe médica, a contagem dos cálculos foi a parte mais complexa da cirurgia.

Três pessoas demoraram mais de uma hora para contar todas as pedras. Uma funcionária disse que elas eram separadas em montes, com dez cálculos cada, para facilitar a soma. Luciano Reis lembrou que já fez mais de 2,5 mil operações de vesícula e admitiu que nunca havia encontrado quantidade tão grande. ''Vamos procurar o Livro dos Recordes (Guinness Book) e tentar registrar o nosso'' - adiantou.