O Paraná já vacinou 46% de toda a população com, pelo menos, uma dose do imunizante contra a Covid-19, levando em conta a última estimativa populacional do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2020. Só que nos municípios a campanha anda descompassada, com localidades mais adiantadas do que outras na aplicação de doses no público em geral. Segundo maior município do Estado, Londrina está atrás na faixa etária se levar em conta outros grandes centros no Estado.

Imagem ilustrativa da imagem Idade dos vacinados em Londrina é maior que de outras grandes cidades
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Nesta semana, a cidade abriu o agendamento para vacinação dos moradores a partir de 37 anos. Maringá (Noroeste), por exemplo, está imunizando as pessoas de 34 anos; Ponta Grossa (Campos Gerais) e São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba) as de 36 anos; e Cascavel (Oeste) quem tem 32. Na capital, a situação é pouco inferior, com a vacinação dos curitibanos de 38 anos.

Londrina também está na retaguarda de outros municípios da região metropolitana, como Cambé (36 anos), Ibiporã (36), Rolândia (35) e Arapongas (33). No final do mês passado, o Governo do Estado anunciou uma mudança na estratégia de distribuição dos frascos, justamente para equilibrar a imunização das faixas etárias entre as cidades. Segundo o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, a pasta já tem notado mais doses nas remessas que têm chegado, no entanto, a expectativa é que o nivelamento mais significativo aconteça somente no fim de agosto.

“O Estado implantou um fator de ajuste de correção na distribuição das vacinas. Isso tem sido feito desde a antepenúltima remessa de vacina. É natural que até agosto, que é a previsão do estudo técnico feito pelo Estado, os 399 municípios tenham a equiparação em relação ao número de doses. Evidente que quanto mais vacinas recebermos, mais vamos conseguir avançar na vacinação da população em geral”, afirmou Machado, que também relatou que tem solicitado ao poder público estadual a possibilidade de antecipar o prazo de correção.

TAMARANA

Com uma população estimada em aproximadamente 15 mil habitantes, Tamarana (Região Metropolitana de Londrina) começou a vacinar, nesta quinta-feira (22), os jovens de 26 e 27 anos. De acordo com a secretária municipal de Saúde, Viviane Granado, um conjunto de fatores levou a cidade a avançar na campanha. Entre os pontos destacados estão doses remanescentes de outros grupos, agilidade na logística para aplicação e o acesso à população, que tem cobertura total do programa Saúde da Família.

“No início fomos contemplados com o grupo mais vulnerável, que é a população indígena, bastante presente na cidade. Outro fator foi o próprio número de vacinas que recebemos, que foi a partir do Censo de 2010 (do IBGE). Só que não é compatível com a população atual. Quando foi realizado o Censo, a população idosa deveria ser maior que a atual. Foi tendo uma quantidade remanescente e fomos autorizados a dar continuidade na imunização da população em geral”, explicou.

A secretaria também notou “sobras” no grupo de comorbidades - que foi calculado a partir da cobertura da vacina da gripe -, e as doses foram remanejadas para o público etário. São os próprios agentes que ligam para os moradores e agendam o dia e horário da vacinação. O progresso da campanha de imunização anticovid tem atraído até pessoas da região a Tamarana. “Pessoas das redondezas vêm atrás. Sabemos que por mais que a vacina seja SUS (Sistema Único de Saúde), ela vem limitada ao número populacional. Fica difícil abrir para outras pessoas que não são residentes aqui.”

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| Foto: Folha Arte

SECRETARIA DE ESTADO

Por meio de nota, a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) afirmou que o “Plano Estadual de Vacinação contra a Covid-19 segue as diretrizes do Programa Nacional de Imunizações e do Programa Nacional Operacional de Vacinação contra a Covid-19 e se baseou na estimativa populacional do IBGE 2020 para definir o público-alvo dos grupos prioritários”.

Apesar do argumento, as informações que a secretaria estadual divulga no “Ranking da Vacinação contra a Covid-19 no Paraná”, com gráfico indicando a porcentagem da população que já foi vacinada e também a quantidade de doses aplicadas, são baseadas no Censo de 2010 do IBGE. Na época, o Estado tinha cerca de 10.444.526 moradores. Na estimativa do ano passado do instituto, o Paraná teria, atualmente, 11.516.840. No ranking que consta no site do governo, a cobertura vacinal da primeira dose é de 50,95%, mas considerando a população de dez milhões.

Também em texto, a Sesa lembrou que “passou a orientar a adoção da estratégia de vacinação para a população geral, segundo a faixa etária de 59 a 18 anos, em ordem decrescente e sucessiva de idade de maneira concomitante com os grupos prioritários”. Ainda frisou que a secretaria “estabeleceu calendário de vacinação com o prazo de até 30 de setembro de 2021 para cumprir com a estratégia de vacinação para toda a população paranaense acima de 18 anos de idade, com a primeira dose da vacina contra a Covid-19, no total de 8.736.014 pessoas.”

As indagações feitas pela reportagem sobre o motivo para a disparidade entre as cidades, o que está sendo feito para mudar isso não foram respondidas até o fechamento da matéria.

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