Ibiporã segue à espera de ambulatório veterinário
Município tem programa permanente de castração, mas projeto de um espaço para cuidar dos animais não saiu do papel
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Município tem programa permanente de castração, mas projeto de um espaço para cuidar dos animais não saiu do papel
Matheus Camargo - Especial para a FOLHA

A proteção animal se tornou tema central em Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) nos últimos anos e o novo capítulo da pauta no município é a construção do ambulatório veterinário, projeto que ainda está no papel, mas que pode começar a ser encaminhado pela próxima administração.
O prefeito eleito José Maria Ferreira (PSD) conversou com a FOLHA e revelou que já tem a área para a construção, que vai custar em torno de R$ 400 mil. Segundo ele, o local escolhido é onde a prefeitura realizava a seleção de materiais recicláveis, que pertencia ao Samae (Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto).
“O IAT (Instituto Água e Terra) já autorizou. Eu espero que nós possamos iniciar rapidamente e dar andamento à situação”, disse o chefe do Executivo municipal, explicando que uma outra área havia sido escolhida e o projeto estava pronto, mas o IAT não concedeu a licença. "Buscamos mais algumas autorizações, alguns vizinhos do local não concordaram e tentamos esse novo espaço”, explicou ele, sobre a demora em tirar o projeto do papel.
A vereadora Maria Galera (PSD) criou o projeto do ambulatório veterinário municipal e não esconde que foi esse um de seus grandes objetivos no Legislativo. “O ambulatório é meu sonho e estou lutando para isso, para que os políticos vejam a importância dos animais nas nossas vidas”, destacou a vereadora, que foi a mais votada em 2020 e neste ano tentou a reeleição, mas não conseguiu.
Maria Galera é a responsável pela ONG e Projeto Pare - Proteção aos Animais Rejeitados e Excluídos. Segundo ela, o ambulatório ajudaria na causa animal e daria tempo para salvar cães acidentados ou doentes.
“No meu caso, quando um cachorro é atropelado, tem alguma doença, mesmo tendo dono, a pessoa procura a ONG. Aí você tem que se virar. Se tiver algo municipal, isso muda, pelo menos para os primeiros socorros. Não é que a prefeitura vai internar, mas pelo menos auxiliar com os primeiros socorros”, explicou.
Maria Galera entregou o projeto ao Executivo municipal, que colocou o documento sob análise antes de retornar para ser votado pela Câmara de Vereadores. Ainda não há previsão para votação.
ASSUNTO ANTIGO
A causa animal é tema em Ibiporã há mais de uma década. Em 2011, a Câmara de Vereadores da cidade chegou a devolver ao município R$ 500 mil que foram economizados durante o ano. O acordo era que parte do valor fosse para a construção de um ambiente para os animais abandonados, o que não saiu do papel naquela oportunidade.
Desde 2015, a prefeitura de Ibiporã tem atuado na castração de animais após a lei n.º 2.772/2015 ter sido aprovada. Na ocasião, foi instituído o “Programa Permanente de Controle Populacional de Animais do Município de Ibiporã”, sancionado pelo então prefeito José Maria Ferreira.
Um dos vereadores mais antigos da casa, Pedro Luiz Chimentão (Republicanos), que vai para seu segundo mandato consecutivo - e quinto mandato no total -, também deu destaque à causa e tratou do problema como questão social em Ibiporã.
“Tenho visto sobre a questão do ambulatório, que o prefeito está encaminhando o recurso para fazer a obra. O que eu vejo de problema com os animais é que há de ter como criar uma maneira de punir o proprietário do animal que fica na rua e pode sofrer acidentes", disse o vereador, reeleito no pleito deste ano.
Ouvidor municipal e vereador eleito, José Aparecido Abreu (Republicanos), também mostrou preocupação com o assunto e relatou reclamações da população sobre o tema nos últimos anos. “Recentemente, recebi uma denúncia de que há pessoas que estão resgatando animais, levando para a casa, deixam 10, 15 dias e depois soltam", exemplifica.
“A população sempre reclama muito sobre os animais abandonados, os que estão presos, acidentados. Normalmente fazemos o encaminhamento para a Secretaria do Meio Ambiente (Sama), que cuida dessa parte, e quando há algo em questão, acionamos também a ONG (da Maria Galera). Estou na ouvidoria e tenho essa facilidade de verificar os encaminhamentos."
Abreu foi mais um a citar a necessidade de punição aos tutores que abandonam os animais ou os deixam soltos nas ruas da cidade. “Se tiver condição e entendimento de ter um instrumento de lei para coibir essas ações aqui de abandono de animais, seria fundamental. O cidadão só age na hora que mexe no bolso."
ESPAÇO CEDIDO PARA A ONG
Em 2022, a Câmara de Vereadores de Ibiporã aprovou a concessão do antigo prédio da Farmácia Popular, no Jardim San Rafael, para que fosse utilizado pelo Instituto Carlos Galera, entidade mantenedora da ONG e Projeto Pare – Proteção aos Animais Rejeitados e Excluídos.
O espaço se tornou local para promoção de campanhas de controle de zoonoses, vacinação, atendimentos clínicos especializados em animais de pequeno porte, bem como campanhas de adoção responsável e castração.
Entre 2023 e 2024, a ONG conseguiu castrar 1.900 animais com a ajuda voluntária de veterinários. “Isso foi feito fora o programa da prefeitura. Lá é para qualquer coisa que a ONG precise. Trazer veterinários sempre que há o convênio, consultas, tratamentos”, destacou Maria Galera.

