Imagem ilustrativa da imagem Ibiporã implanta abrigo institucional para moradores de rua
| Foto: Caroline Vicentini/NCS/PMI

Com o objetivo de ampliar o acolhimento e a proteção social da população em situação de rua, Ibiporã contará até o final do ano com um abrigo institucional. Um imóvel pertencente à prefeitura está sendo reformado para que esteja em condições de atender tecnicamente estas pessoas e auxiliá-las a sair dessa situação. “É uma casa ampla, com seis quartos, banheiros, cozinha, espaço para refeitório e um salão para o desenvolvimento das atividades psicossociais, além de possibilitar privacidade nos atendimentos individualizados”, explicou a secretária de Assistência Social, Ireny Sorge.

O recurso para implantação das ações de abordagem e acolhimento aos cidadãos em situação de rua é proveniente do Governo Estadual, por meio do Fundo Estadual de Assistência Social (Feas). Em agosto foi implementado no município o projeto “Mãos que Acolhem", visando atender a população em situação de rua durante a pandemia de Covid-19. 0 ginásio do jardim Pérola foi adaptado para receber os moradores.

No abrigo, os moradores em situação de rua têm acesso à hospedagem, alimentação, banho, cuidados de higiene pessoal, lavanderia, avaliação das condições de saúde, testagem para a Covid-19, atendimento psicossocial, oficinas artesanais, inclusão em programas sociais e encaminhamentos, tais como regularização de documentação pessoal, mercado de trabalho e qualificação profissional. O trabalho é desenvolvido em parceria com algumas secretarias municipais e entidades que já realizam algum tipo de atividade com a população de rua.

Segundo a secretaria de Assistência Social, das 25 pessoas que vivem em Ibiporã de maneira fixa, 23 aceitaram ser acolhidas. "Eles estão participando das atividades, respeitam as regras, auxiliam na gestão do espaço e têm um bom convívio. Esta ação articulada entre poder público e sociedade civil coloca à disposição destas pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social uma estrutura que possibilita um acolhimento digno, que ao mesmo tempo atenda as especificações do Ministério da Saúde, permitindo, sobretudo, a preservação da vida”, elencou Ireny.

RECOMEÇO

Simone Santana da Silva, 32 anos, sabe bem como a vida nas ruas é ruim. Natural de Pirassununga, interior de São Paulo, saiu de casa aos 15 anos e já viveu a experiência de morar nas ruas de várias cidades do Paraná e Santa Catarina. “Já dormi debaixo da ponte, praças, estabelecimentos comerciais, salão de igreja. A rua é sofrida. Passei muito frio, fui roubada, submetida a abusos e covardias”, comentou.

Mãe de cinco filhos, relata que a situação piorou nos últimos anos ao ser apresentada ao crack pelo ex-companheiro, que também é alcoólatra. “Já trabalhei, tive minha casa. Mas ele me tirou tudo para sustentar o vício”, conta. Simone, que está há cerca de duas semanas no abrigo e tem sonhos. “Não uso drogas há dois meses. Quero recomeçar minha vida, trabalhar, reconquistar meus filhos. Hoje estou dando entrada na minha carteira de trabalho. Meu sonho é ter um lava rápido”, relatou.