A Secretaria Municipal de Saúde de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) enfrenta desabastecimento no estoque de algumas vacinas indicadas para crianças menores de cinco anos de idade. O problema, segundo a prefeitura, ocorre porque o Ministério da Saúde, responsável pela compra e envio das vacinas, tem enviado doses em quantidades inferiores ao necessário para atender a demanda.

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. | Foto: Marcos Zanutto/06-08-2018

A falta não afeta apenas Ibiporã e atinge também outros municípios do Estado, segundo a Sesa (Secretaria de Saúde do Estado do Paraná), que recebe os lotes do governo federal e distribui às regionais de saúde. A previsão é de que a situação comece a ser normalizada a partir da segunda quinzena de setembro, mas até lá a orientação para os pais e responsáveis é procurar as unidades básicas de saúde para agendar a vacinação.

A Vigilância Epidemiológica de Ibiporã informou que recebeu quantitativo reduzido das vacinas tetra viral, que previne o sarampo, rubéola, caxumba e catapora; pentavalente, contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e influenza B; BCG, contra tuberculose, e da vacina oral contra poliomielite.

Segundo a coordenadora de Vigilância Epidemiológica do município, Vanessa Luquini, a vacina oral contra a paralisia infantil está com o estoque reduzido há mais de um ano. “Não podemos mais abrir a vacinação todas as semanas, como fazíamos. Trabalhamos com agendamento.”

O agendamento também está sendo feito para a vacina BCG. As mães que procuram as unidades básicas de saúde para imunizar seus filhos são orientadas a deixar o nome da criança em uma lista de espera e retornar no dia marcado. A vacinação será realizada nesta quarta-feira (11) e no próximo dia 25. O agendamento, segundo Luquini, é feito para otimizar o estoque e evitar perdas.

A BCG é ministrada em bebês logo ao nascer e a necessidade do município é de cerca de 60 doses por mês. “Cada frasco vale por seis horas depois de aberto e a gente recebe frascos de dez ou 20 doses. Então, precisaríamos de um quantitativo de doses maior para conseguir abrir a vacinação semanalmente. O ideal seria toda semana ter um estoque para fazermos como fazíamos anteriormente”, disse Luquini.

Para suprir a falta da tetra viral, as equipes de saúde têm feito a substituição pela tríplice viral associada à vacina contra varicela, sem nenhum prejuízo às crianças. A situação mais preocupante é em relação à pentavalente, cujo estoque está esgotado com previsão de chegada de um novo lote somente para outubro, segundo Luquini. “Para essa vacina não conseguimos nem fazer agendamento. Normalmente temos uma vacinação de 200 doses por mês. As doses são ministradas aos dois, quatro e seis meses de vivda. Estamos atrasando o esquema das crianças. É preocupante.”

Controle de qualidade

“O Ministério da Saúde está adquirindo menos vacinas BCG e pentavalente por conta da produção e controle de qualidade. Após a aquisição, as vacinas passam por um processo de validação para garantir a qualidade”, justificou a coordenadora da Divisão de Vigilância do Programa de Imunização da Sesa, Vera Rita da Maia. Segundo ela, há três meses o governo federal tem enviado aos Estados uma quantidade de vacinas menor do que o necessário para suprir a demanda. A orientação da Sesa é para que os municípios otimizem as doses com o agendamento.

“As crianças que não receberam a dose no dia em que foram às unidades básicas de saúde, devem ter seus nomes e os nomes das mães registrados para que retornem e recebam as doses que ficaram proteladas. Se a criança não retornar, a orientação às equipes de saúde é fazer a busca ativa. Não é um problema do Paraná, é um problema nacional”, frisou Maia. A expectativa, afirmou a coordenadora, é que a situação comece a ser normalizada após o dia 15 de setembro.

A BCG começou a faltar em maio e a pentavalente, em julho, após a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinar o recolhimento de todo um lote da vacina por questões de segurança de qualidade. “Agora o Ministério da Saúde está distribuindo parcialmente, conforme vai recebendo”, disse a coordenadora.

Maia informou que a vacina oral contra a poliomielite teve atraso na distribuição aos municípios por um problema técnico do Estado, mas que o envio começou a ser feito na semana passada. “O transporte é feito em caminhão refrigerado e a cada semana sai uma rota. A segunda rota está saindo nesta semana. A polio oral é o reforço quando a criança já tomou três doses da vacina inativada. Ela vai receber a vacina em tempo oportuno”, garantiu.

Ministério da Saúde

Em nota, o Ministério da Saúde informou que mantém a distribuição das vacinas em todo o País e trabalha na regularização dos estoques “quando há necessidade, em casos pontuais”. A pasta ressaltou que as doses são enviadas mensalmente aos estados, que se encarregam da distribuição aos municípios, que fazem a logística e abastecimento das salas de vacinação.

O governo federal também informou o número de doses das vacinas enviadas este ano para o Paraná. Da BCG foram enviadas 346 mil doses, da poliomielite, 840 mil doses, e da tetra viral, 151 mil doses. O Ministério da Saúde não informou os números da pentavalente.