IAP vai exigir dique na Makroquímica
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quinta-feira, 13 de fevereiro de 1997
Marccio W. Varella Sucursal de Maringá
Edson GuittiRiscosTanques da empresa em Maringá; sem licença e com dique inadequado, empresa pode ser autuadaO Instituto Ambiental do Paraná (IAP) vai exigir hoje da filial da empresa Makroquímica em Maringá, a licença do governo estadual para funcionamento e a construção de uma piscina de concreto para conter vazamentos de produtos químicos. Na última sexta-feira, cerca de 400 quilos de ácido sulfúrico vazaram durante um descarregamento - o produto escorreu pela calçada e foi preciso isolar a área. Os bombeiros cuidaram da segurança e ninguém ficou ferido.
A empresa funciona há mais de 10 anos na Avenida 19 de Dezembro, a menos de 20 metros da Escola Estadual Gerardo Braga. A sede da empresa fica em Londrina.
A Makroquímica tem o alvará da prefeitura mas não tem a licença do IAP para funcionar e o seu tanque de contenção para os casos de vazamento é muito pequeno. A empresa será autuada e certamente multada hoje de manhã por nossos fiscais, avisou ontem o chefe do escritório regional do IAP em Maringá, Clóvis da Silva Lopes.
O vazamento ocorreu às 20 horas de sexta-feira. Um caminhão-tanque da RH Transportes, de Londrina, com 28 toneladas de ácido sulfúrico, iniciou o descarregamento do produto num dos três tanques instalados no pátio da empresa (os outros dois são para hipoclorito e soda).
Segundo o gerente da filial de Maringá, Luís Carlos Marinho, o funcionário que manipulava o registro da mangueira do caminhão cometeu um deslize e o produto vazou do tanque de cerca de 60 centímetros de altura. O produto atingiu a loja e a calçada.
Marinho disse que alertou vizinhos, que chamaram os bombeiros. Eu mesmo cuidei de isolar a área. Não houve explosão porque o produto não é inflamável. Apenas alguns carros estacionados perto da calçada receberam respingos do produto. Seus donos serão ressarcidos. Estavam aqui na hora do acidente quatro funcionários e um engenheiro químico. Todos usavam luvas, aventais e máscaras, explicou o gerente. Marinho diz que utilizou cal e bicarbonato para neutralizar o efeito do ácido.
O Corpo de Bombeiros constatou que as máscaras de proteção estavam com a validade vencida. Os funcionários não usavam capas e nem botas de proteção e não havia no local, na hora do vazamento, nenhum técnico em segurança, e ainda por cima jogaram água no ácido, o que é perigoso, afirmou o cabo Vander.
A Makroquímica é a única empresa que manipula produtos químicos instalada dentro da cidade. Ela vende ácido sulfúrico para curtumes, usinas de açúcar, destilarias e indústrias de baterias.
O chefe do IAP lembra que existe uma área especial (setor Industrial) destinada a esse tipo de empresa. A responsabilidade é da prefeitura, que concedeu o alvará há mais de 10 anos. A Lei de Zoneamento e Ocupação do Solo Urbano de Maringá, aprovada em 1991, permitiu que a Makroquímica e alguns frigoríficos permanecessem dentro da cidade, o que é errado. Nós não podemos fazer nada. A empresa poderá ser multada no valor de R$ 40,00 a R$ 800,00.
Segundo o manual de instruções da Makroquímica, distribuído aos funcionários, deve-se usar água para combater um vazamento. Lopes, do IAP, confirma o risco do uso de água para neutralizar o ácido. Segundo ele, a água misturada ao ácido sulfúrico produz gases que, dependendo da quantidade e concentração, podem provocar bronquite, edema pulmonar agudo, convulsão, choque e morte.